sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Em Busca da Felicidade, Uma História dos Orixás




    Eu fui consultar um Babalaô, em busca da felicidade.
Ele me disse para ir até a encruzilhada, que lá eu encontraria o Senhor da Alegria.



Fiz minha oferenda, coloquei minha roupa branca e comecei minha
jornada.
Conheci Exú lá na encruzilhada, rodando com suas cabaças a balançar, e dando uma boa gargalhada.
Perguntei se ele sabia onde morava a felicidade, Exú, então, me mandou
seguir a estrada, que lá eu encontraria o Senhor dos Caminhos, que
poderia me ajudar.



Fui seguindo a estrada, na beira da mata.
E no meio dela com sua espada e escudo, apareceu Ogum.



Ele me disse que eu iria encontrar o que eu estava procurando se eu
seguisse pela mata fechada e procurasse por Oxóssi.
Entrei na mata, e já estava quase desistindo de achar Oxóssi, de tanto
que já havia andado.
E então, apareceu um Faisão na minha frente. Era, sem dúvidas, o mais
belo animal que eu já havia visto.



O belo animal, então, se transformou em um grande e forte negro. Era
Oxóssi.



Ele me mandou ir até mais fundo da floresta, procurar por Ossãe. Achei
Ossãe, que me mandou ir procurar Obaluaiê/Omulu e Oiá, no cemitério.


Obaluaiê/Omulu e Oiá me mandaram ir para as montanhas, procurar por

Xangô.

Chegando às montanhas, fui guiado pelo rei de Oyó até os rios, onde,
segundo ele, eu encontraria outros 5 Orixás que podiam me ajudar.



Chegando às águas doces, encontrei Obá no rio, Oxum na cachoeira,
Logun-Edé na beira da lagoa, Oxumarê no céu, e encontrei Ewá no Sol.


Eles me mandaram ir procurar

pela maior e mais velha árvore na floresta. Lá fui eu novamente,

entrar na floresta, dessa vez à procura de Iroko. Me deparei, então,
com a árvore mais frondosa de todas. Iroko me mandou ir para a praia,
procurar por Iemanjá. Ele me disse que, por mais cansado que eu
estivesse, minha jornada estava acabando.



Caminhei e caminhei, até chegar na beira do mar. Junto com as ondas
graciosas e bravas do mar, veio Iemanjá.
A bela moça me mandou ir até o pântano e procurar pela anciã que
vestia roxo.



Fui até o pântano, onde Nanã veio me acolher. Ela me disse para ir até
o reino de Ifé, que ficava depois dos campos brancos de Oxaguiã.



Saí do pântano, e estava passando pelos campos de Oxaguiã, quando ele
surgiu em minha frente. Sua altivez e bravura me assustou, mas ele
disse-me que não havia nada a temer, e que ele me guiaria até o que eu
estava procurando.



Junto com Oxaguiã, fui indo até o reino de Ifé. Chegando ao portão
daquele grande reino, Oxaguiã me mandou ir até os jardins mais belos
do reino, que eu seria guiado por Ibeji até o castelo de Oxalufã. Fui
andando pelas ruas do reino, e o que vi me deixou encantado. Pessoas
vivendo com prosperidade, amor, saúde, harmonia e muita felicidade.



Chegando nos jardins do reino, dois meninos vieram me recepcionar.
Antes que eu pudesse desviar, um pedaço de bolo me atingiu bem no
rosto. Depois de me limpar, os meninos me conduziram até o castelo de
Oxalá.



O velho senhor estava sentado em uma cadeira branca, rodeado por todos
os Orixás pelos quais eu havia passado.



Eu fiquei tão irritado com eles que comecei a gritar:


- Se vocês já estão aqui, por que não me trouxeram direto para cá? Por
que me fizeram andar tanto, me cansar tanto se podiam me trazer aqui
tão rápido?



Exú, de prontidão, me respondeu:


- Ora, e quem disse que sua vida seria fácil? Você acha que, só por sermos Orixás, podemos dar tudo de bandeja para ti?
E Exú soltou uma gargalhada.



- Não fale assim com ele, Bará. Disse a bela Oxum. Ele é apenas um Ser
Humano. Eles todos tem mania de querer que as coisas caiam do céu.
Pobres homens, sempre querendo ser mimados por nós, que temos
condições de ajudá-los.



Com a ajuda de seu Opaxoro, Oxalufã se levantou e me disse:


- Você, meu filho, andou por todo o tipo de lugar. Enfrentou o Sol com
Ewá, a mata com Odé, os mortos com Obaluaiê/Omulu e Oiá, as altas
montanhas com Xangô e a chuva com Nanã. E tudo isso em busca da
felicidade.



Parabéns!Vou lhe mostrar a felicidade que tanto almeja. Aproxime-se, por favor.


Me aproximei daquele velho e franzino senhor, vestido todo de branco.
Assim que me aproximei o suficiente, Oxalufã ergueu seu cajado e
disse:- A felicidade que você tanto quer esteve contigo o tempo todo,
meu filho.- Oxalá apontou seu Opaxoro para o lado esquerdo de meu
peito e disse:- Aqui. Sempre contigo.







    Após esse belo e reflexivo texto, finalizo com algumas frases para
demonstrar que as vezes buscamos tanto a felicidade em coisas que nos
parece surpreendentes, que esquecemos de que podemos ser felizes
apenas com que temos, com que somos, com que fazemos, com quem amamos,
com quem nos ama de verdade e com nossa fé, que por muitas vezes o
simples fato de elevarmos nossa fé a Deus, já nos abre caminhos
maravilhosos e entendimentos magníficos para a tal felicidade.



A estrada da tua felicidade não parte das pessoas e das coisas para
chegar a ti; parte sempre de ti em direção aos outros.



A felicidade depende das qualidades próprias do indivíduo e não do
estado material do meio em que se acha.



A felicidade é algo que buscamos sempre, contudo não devemos usar da
infelicidade de alguém para alcançá-la.



A felicidade não pode estar em nada que esteja fora de você. Busque-a
dentro de você mesmo, pois a felicidade é Deus, e Deus mora dentro de
você



A Umbanda afirma: Só através do Amor conseguimos nos conectar com
Deus e assim encontramos a verdadeira felicidade.

Texto enviado: Gizele Aquino.

Fonte: umbandayorima

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