sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ahhh os Marinheiros…

O Céu está claro e a noite estrelada se descortina revelando a lua, cheia e brilhante. O mar reflete a doce forma ondulada do astro mãe que parece uma grande pérola na imensidão do Céu.
O marujo, do alto de seu mastro, olha a Lua e se embriaga com seus raios de prata e no convés, o capitão olha sobre seu leme e vê a Terra se aproximar.
Ao longe, o som dos atabaques repinicando faz ouvir a marujada que vem chegando. No Terreiro, a voz da preta-velha comanda: – ” Ah, mano”!
Mano meu, Mano meu / Aonde estás que não me responde
Mano meu, Mano meu / Aonde estás que não me responde
Ah, Mano meu / Nunca fiz mau a ninguém
Ah, Mano meu / Eu só sei fazer o bem
Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga e chegam em Terra. Com suas gargalhadas, abraços e apertos de mão. São os marujos que vêm chegando para trabalhar nas ondas do mar.
Os Marinheiros são homens e mulheres que navegaram e se relacionaram com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos. Enfrentaram o ambiente de calmaria ou de mares tortuosos, em tempos de grande paz ou de penosas guerras. Os Marinheiros trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo d’áqua) e trazem uma mensagem de esperança e muita força, nos dizendo que se pode lutar e desbravar o desconhecido, do nosso interior ou do mundo que nos rodeia se tivermos fé, confiança e trabalho unido, em grupo.  Seu trabalho é realizado em descarregos, consultas, passes, no desenvolvimento dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Em muito, seu trabalho é parecido com o dos Exus, os quais, também podem trabalhar nessa linha. Dificilmente um leigo irá notar a diferença entre os marinheiros e os Exus na hora da gira, pois os Exus vêm com todos os trejeitos dos Marinheiros e com outros nomes, é quase imperceptível.Oh, Zé  / Quando vem lá da lagoa / Toma cuidado com o balanço da canoa
Oh, Zé  / Quando vem lá da lagoa / Toma cuidado com o balanço da canoa
Oh Zé  / Faça tudo o que quiser / Só não maltrate o coração dessa mulher.
Oh Zé  / Faça tudo o que quiser / Só não maltrate o coração dessa mulher.

Mas, quando se canta um ponto como o que está ai em cima, com certeza se sabe que um comprade está chegando na gira. A gira de marinheiro e bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e animados, não têm tempo ruim para esta falange. Com palavras macias e diretas eles vão bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas. A marujada coloca seus bonés e, enquanto trabalham, cantam, bebem e fumam. Bebem Whisky, Vodka, Vinho, Cachaça, e mais o que tiver de bom gosto. Fumam charuto, cigarro, cigarrilha e outros fumos diversos. Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito amigos.  A gira de marinheiro, em muito, parece uma grande festa, pela sua alegria e descontração, mas também, existe um grande compromisso e responsabilidade no trabalho que é feito.
E o Ogam canta:
Ôh Marinheiro, é hora / É hora de vir trabalhar
Ôh Marinheiro, é hora/ É hora de vir trabalhar
É Céu / É Mar
São os Marinheiros que vêm nas ondas do mar
É Céu / É Mar
São os Marinheiros que vêm nas ondas do mar


Postado no Grupo de Estudos Boiadeiro Rei

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