sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Umbanda tem relação com religiões Afro?



Com muita paciência, vamos encontrar vasta literatura tratando da grande repressão que sofreram os cultos de matriz afro e a umbanda, bem como elementos consistentes para apoiar nossa posição em relação ao Culto Afro e a Umbanda.

Não podemos dividir nossa crença em duas ou mais potências, ou seja, a raiz africana está sim também na Umbanda, muitos pais e mães de Santo, adoram falar que a Umbanda é diferente, mas muitas vezes deixam escapar frase e trabalhos com significados afros 

O final do século XIX, marcado por grandes reviravoltas sociais quais sejam a abolição da escravatura e a instauração da República, pode ser considerado como ponto de partida para a grande repressão que os referidos cultos sofreram,embora mesmo durante a escravidão já existiam processos de controle para evitar fortalecimento dos grupos e conseqüentemente seus cultos. Um desses processos era a de não aceitar num mesmo lote, escravos originários da mesma região, deveriam ser mesclados, pois assim língua e costumes seriam diferentes, o que dificultava grandemente a comunicação. Outros optavam por mesclar escravos de tribos historicamente inimigas.

A partir daí na Bahia, Recife, Alagoas os cultos de matriz Afro começaram a organizar-se em sítios ou roças e a praticarem seus rituais, bem como no Rio de Janeiro a partir de 1908 começava a organizar-se o movimento umbandista, com o advento do caboclo das 7 Encruzilhadas, embora se tenha notícias de que no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Rio Grande e Pelotas, entre o período que vai de 1833 a 1859 aproximadamente, já haviam casas que cultuassem o Batuque/RS (culto de nação no RS), pois alí em função das charqueadas, era grande o numero de negros escravos e alforriados. Com a falência das charqueadas a partir de 1850, o culto ganhou mais força ainda.

Outro dado importante foi o da chegada ao Brasil, em 1864, inicialmente em Rio Grande, de Custódio Joaquim de Almeida, príncipe negro africano, da Fortaleza de São João de Ajudá, antigo Reino do Daomé, em função da Grã-Bretanha Ter se tornado proprietária da Costa do Ouro, comprando as terras de Reis e Príncipes. O governo Britânico pagava a Custódio uma subvenção mensal, e em troca Custódio comprometeu-se a numca mais voltar a suas terras, sob pena de ser morto. De Rio Grande passou um ou dois anos em Bagé e após instalou-se em definitivo em Porto Alegre, na Rua Lopo Gonçalves, 498, onde ficou conhecido como "O Príncipe".

Por volta de 1937, com a criação do Estado Novo de Vargas, começou o que se pode chamar de quebra-quebra dentro das roças e sítios e nos terreiros de umbanda, uma perseguição implacável aos chefes e adeptos, que enquadravam-se como psiquiatricamente doentes. Cenas de extorsão em troca de proteção policial eram comuns. Nessa época as roças e os terreiros eram enquadrados na Secção Especial de Costumes, Diversões do Departamento de Tóxicos e Mistificações do Rio de Janeiro, secção essa que lidava com álcool, jogos, drogas e prostituição.Imagens eram quebradas, congas eram destruídos, objetos religiosos e pertences dos chefes da roça e/ou terreiro eram confiscados. As casas eram obrigadas a mudar o nome para o de santos católicos bem como suas festas deveriam coincidir com o calendário católico, e muitas tiveram que adotar a denominação de "Centro Espírita", pois causava melhor impressão.

Nessa época no Recife, dois policiais se destacaram pela maneira sórdida e cruel com que tratavam as casas de religião. Eram eles Danilo e Fogão, entravam arrombando portas, espancando quem lhes cortasse a frente, tudo em nome da "ação contra a macumba", como diziam.

Em 1937, tem-se notícia da criação da Federação Espírita de Umbanda no Brasil, com objetivo de oferecer proteção contra a repressão aos filiados, bem como em 1941, durante o 1o Congresso de Umbanda foi proposta a desafricanização da Umbanda, para tentar fugir da repressão, pois os cultos afros em função dos rituais eram os mais visados.

O ano de 1945 marca o fim desse período ditatorial, pode-se assim dizer e inicia-se então uma rápida expansão das roças e terreiros, cada um buscando seu espaço e fortalecimento perante seus adeptos .
Por todos esses dados, resumidamente apresentados, é que defendo que UMBANDA NÃO É CULTO AFRO, sendo cultos bem distintos, quer na história, quer na ritualistica. Cito também os seguintes argumentos :

O fato de na Umbanda baixarem pretos-velhos que foram escravos não serve para embassamento, pois "preto-velho" é uma "roupagem fluídica"de que se servem os espiritos (alguns realmente foram escravos) para benzer, para trazer palavras amigas e conforto, etc.

O fato de as terreiras de Umbanda usarem tambores (existem várias que não usam) também não justifica denominarem-se afro.

A Tríade da Umbanda e formada por : CABOCLOS, PRETOS-VELHOS e CRIANÇAS ( Cosme e Damião), que foi organizada em falagens e vibrações (Orixá que vibra e comanda aquela Falange), que são em número de 7.
O fato de muitos Babalorixás e Yalorixás terem "aprontes" pelo Culto Afro (seja Batuque, Candomblé,) e em suas casas tocarem só Umbanda, reservando somente para sí o lado Afro, não justifica denominar a Umbanda como Afro.

O Culto aos Orixás (seja Batuque,Candomblé) e suas características, estão diretamente relacionados aos "lados" ou seja Nagô, Keto, Jejê, Cabinda, etc, e suas diferenças devem-se ao fato de que cada "lado" trazer uma bagagem cultural distinta. De qual região Africana veio o ritual da Umbanda para o Brasil?
Outros dados incontestes são os históricos, conforme expostos neste texto


Postado no Grupo de Estudos Boiadeiro Rei

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