quinta-feira, 17 de março de 2011

Pai Benedito de Aruanda e a Renovação da Umbanda


Por Rodrigo Queiroz
Saudações leitor, salve!
Comumente nós encontramos “irmãos” de fé literalmente atacando a obra de Rubens Saraceni, autor de mais de 60 títulos publicados sobre Umbanda, sendo a maior parte destes psicografados por aqueles que entendemos como Mestres da Luz.
Alguns praticantes da “umbanda africanista” atacam o conceito da Orixá Egunitá bem como Oyá-Tempo / Logunã. Estes acusam a o autor de “criar” novos Orixás, sendo isso uma espécie de “heresia umbandística” e coisa do tipo.
É notável que a grande maioria (não muitos no total) dos atacantes são multiplicadores de peixe muito mal comprado, digo isto, pois se denota que não leram a obra tão criticada.
Estes também pouco entendem sobre mitologia, cultura nativa, panteão religioso e como normalmente é a construção mítica dos deuses nas culturas nativas, tais como grega, indígena, romana, egípcia, africana e tantos outras. Dizem que Xangô foi um rei na áfrica há mais de 6 mil anos… Ainda que se prove a existência do tronco familiar Xangô, pouco se prova a respeito dos mais de 670 deuses africanos e, cá entre nós, não acreditamos em deuses, o tempo em que os povos eram guiados por mito dos deuses já passou, ainda existem mitos, muita coisa na ciência ortodoxa atual será mito logo mais, mas enfim, não quero complicar o texto, a idéia é simplificar.
Na verdade qualquer um que tiver contato com os títulos de Rubens Saraceni notará que na grande maioria existe a citação de uma ideia “Umbanda é a renovação do culto aos Orixás”.
Para o estudioso mais dedicado e aberto, este conceito já resolve muitos conflitos. Pois bem, a Umbanda não precisa dos fundamentos dos cultos africanos ou afro-brasileiros (candomblé) para fundamentar ou dar legitimidade ao culto de Orixá na Umbanda.
Bem sabemos que o Candomblé já é um remanejamento do Culto de Nação (África) que é diferente do Tambor de Mina e que é diferente de tantas outras veias de cultos/religiões que têm sua origem no Culto de Nação (África).
Porque então que a Umbanda não pode ter sua própria identidade? Sua própria linguagem acerca dos Orixás? Será por conta do termo ORIXÁ? ÒRÌSÀ?
Oras, numa tradução sintética temos ORIXÁ = Senhor do Alto ou Senhor da Cabeça. Bem, entre os gregos os “senhores do alto” eram os deuses do Olimpo e por isso posso sim comparar Ares com Ogum, suas atribuições e qualidades míticas são muito semelhantes, assim, os deuses de todas as culturas nativas são “senhores do alto”.
Umbanda não é uma cultura religiosa nativa, aceite quem puder, podemos até dizer que é uma religião urbana, metropolitana e não se engane quanto a isso pelo fato de se falar tanto em cultuar a natureza, pois aí está sua excelência, a Umbanda promove no fiel sua convergência à natureza, desperta a sensibilidade existencial e dá olhos para observar com amor as mais simples manifestações da vida natural.
Portanto, Pai Benedito de Aruanda, através de seu médium psicógrafo, traz uma nova leitura sobre Orixá para a Umbanda, e afirma que a Umbanda em si já é a renovação do culto aos Orixás, adaptado ao mundo moderno e brasileiro (nota minha).
Aqui na Umbanda Orixá não é mais Deus e sim Divindade. Somos monoteístas e cremos portanto num Deus único, aqui denominado Olorum, e Seus Orixás são Suas Divindades manifestadoras de Suas qualidades, agentes de Sua Criação. Olorum nesta “nova leitura” é o Criador que manifesta Sete Vibrações Originais pontificadas e geridas por 14 Divindades. Estas vibrações trazem em si qualidades, atributos, atribuições, magnetismos, sentidos da vida, cores, sons etc.
Pai Benedito precisou recorrer a “rótulos religiosos” e/ou “símbolos religiosos” para tornar compreensível à realidade humana material este panteão organizado e original para a Umbanda.
Estas Sete Vibrações Originais são na realidade religiosa as “Sete Linhas de Umbanda” (um rótulo, recurso linguístico) e estas Divindades que são uma classe de Divindades denominadas Tronos vão ser “rotuladas” com alguns termos yorubá, e então na Umbanda Trono será Orixá e cada qual terá um nome sendo Oxalá, Oxum, Oxóssi etc. Neste sentido surge para rotular o Trono Feminino da Justiça, o rótulo EGUNITÁ, não importa se é um Orixá cultuado na África ou suas descendências. Aqui o que importa é que o rótulo cabe ao Trono Divino, e recorrendo às semelhanças, Egunitá na África é uma qualidade ígnea de Yansã (Oiá), incrível como nada é por acaso.
Mesmo assim surgiu um problema para “rotular” o Trono Feminino da Fé, então Pai Benedito deixou dois rótulos possíveis, Oyá-Tempo, que não é o Tempo do Culto de Nação e nada tem haver com Oiá, mas é um nome próprio ao Trono que também se utiliza Logunã, este termo inexistente até então e original, qual o problema???
O importante é saber que Divindades são partes de Deus (Olorum) e não à parte, pois Deuses, como sempre no mito, acabam disputando poderes entre si e até destronam o Deus Supremo se este não “andar na linha” (risos).
Divindades são braços de Deus, ou seja, ele mesmo fragmentado em ações específicas.
Quando queremos pedir Justiça, pedimos a Xangô que é o rótulo para o Trono Masculino da Justiça, e se queremos uma ajuda nos campos religiosos firmamos uma vela para Oyá-Tempo/Logunã, rótulo para Trono Feminino da Fé e assim por diante.
Se a Umbanda é a renovação do Culto aos Orixás, então a Teologia de Umbanda Sagrada, trazida à Luz por Pai Benedito de Aruanda, é a consolidação deste conceito bem como a renovação da Umbanda.
Para maior aprofundamento deste conceito sugiro a leitura das obras assinadas por Rubens Saraceni, todos publicados pela Editora Madras.

Postado no Grupo de Estudos Boiadeiro Rei

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