sábado, 30 de outubro de 2010

Um Depoimento


Olá irmãos de jornada e fé.

     Dezembro de 1935. Foi após o Natal. Andava triste e a pensar em ti. Sentia que a melancolia se apoderava de mim. Sozinho no mundo (assim pensava eu, tal o vácuo da minha alma), sem mãe para nortear-me os passos, como iria viver? Era, então um período difícil de minha mocidade. Tão só, que fazer? E, nesses momentos meu pensamento rasgava o espaço e ia em busca de ti. E, de tanto clamar pela tua presença, tive a impressão de que viestes até mim! Foram momentos rápidos, sublimados por uma torrente de lágrimas....Depois, recordações do passado. Era a nossa casa da cidade do Porto. Era a "Quinta das Andorinhas", era a casa dos "Quatro Caminhos". Enfim, recordações cheias de amargura e de tédio. Então via a tua imagem, as tuas lutas, as minhas e as peraltices de meus manos..... Mas, passados esses breves momentos, sou impulsionado a escrever-te uma longa carta, a qual denominei de "Confissão de um filho"...
E aqui está, com se fora uma confissão, esta página que encerra ensinamentos para todos.

*****
Passaram-se os tempos...
Mas, eis que a 26 de agosto de 1945 , como se fora uma recompensa do Céu, recebo com prêmio - a dádiva mais cara de toda a minha vida! Data abençoada, ditosa data! Noite bendita, noite feliz, porque de alegrias e emoções contagiantes. E´que o Pai misericordioso e bom, permitiu que viesses em Espírito e verdade ao encontro do teu filho amado!
Foram momentos indescritíveis.
Chegaste com a pertubação natural das mães que muito sofreram e amaram pedindo água e pedindo luz. Clamando pelo nome de teu filho: José!... Foi o clamor repentino  e inesperado que ressoou por toda a sala...E logo após: "José, meu filho! não me escutas ?! "Todo o ambiente se transformou e todos os olhares caíram sobre mim, e tu, incontinente, jogavas-te ao ao chão, e de joelhos erguendo os braços e enlançando-me como se fora um amplexo, clamaste ainda "dá-me água que tenho sede!
Dá-me luz, que estou no escuro "!...
Foi um momento dramático, inesperado, que explodia através da médium "Zoca". Era o fenômeno maravilhoso da mediunidade que extravasa magnificamente, confirmando a realidade dos fatos dentro de uma humilde choupana onde se reunia pequeno grupo para as práticas de Umbanda.
Foi, pois, num humilde terreiro de Umbanda que eu deveria receber esse prêmio de consolação. Esse prêmio que não há dinheiro que pague.
Benditas sejas, Umbanda!
A emoção contagiou a todos. Todos choravam de alegria pela dádiva que o Senhor dos mundo nos concedera. Como Deus é bom! E como lhe estamos agradecidos por tanta bondade! Rendamos graças ao Pai, que nunca esquece seus filhos, dando a cada um de acordo com o justo merecimento. Pedindo água e pedindo luz, mãe querida, revelavas o estado de pertubação em que te encontravas ainda, envolvido como estava o teu Espírito pelos fluidos pesados e o reflexo de 25 anos de lutas e sofrimentos através da imensidão do espaço, em busca de teus filhos queridos. A angústia, o desespero e a dor se multiplicaram, por certo, com a separação violenta e rápida de teus filhos, quando a ciência da terra foi impotente para livrar-te dos males físicos e morais.
Revelada e confirmada ficou sem dúvida, a nossa afinidade espiritual. Pudeste vir ao meu encontro pelos maravilhosos meios da mediunidade. Pudeste ouvir a voz do teu filho muito amado, que igualmente te procurava através das preces e dos pensamentos mais íntimos. E, partistes, após, mais confortada e esclarecida, pois o
PAI NÃO DÁ PEDRAS AO FILHO QUE LHE PEDE PÃO.
Mais passados 03 dias, em ambiente totalmente diferente do primeiro eis que tu voltas, já consciente de teu estado, livre dos fluidos pesados. E´que as preces fervorosas se transformaram em luz radiosa para o teu Espírito. E pudeste falar através da médium (a Irmã Itália), com o mesmo sotaque do idioma de nossa terra natal.
E os presentes à sessão de desenvolvimento agora na Liga Espírita do Brasil (hoje do Estado do Rio de Janeiro), puderam igualmente sentir as mesmas emoções dos nossos irmãos da Umbanda !
E assim, por acréscimo da misericórdia divina, posso relatar aos Irmãos daqui e de além-mar este fato, simples e natural como demonstra a Doutrina Espírita, mas de importância transcedental para as nossas vidas.
Graças, mil graças vos rendo - Pai Supremo, Criador e animador do Universo.
Benditas seja, ó mãe !

  
Um Saravá Amigo
Octavio



Postado no Grupo de Estudos Boiadeiro Rei


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