Amigos,
Nós, assim como vários outros blogs de Umbanda pela internet, temos percebido uma série de questões do tipo “gostaria de saber a história”, perguntando sobre Caboclo X, ou do Exu Y, ou da Cigana W. Isso tem sido um problema, pois é como tentar saber a história da vida de uma pessoa que você encontra na rua, perguntando para uma outra pessoa que nunca a viu. E faço essas afirmações com base em algumas pesquisas. Por exemplo; Alex de Oxossi, no blog Povo de Aruanda, teceu um texto sobre o caso que diz:
“Eu estou na internet desde de 1998, mas tem aproximadamente 5 anos que venho tentando falar de Umbanda na internet, mas logo assim que eu comecei procurava feito um louco, história do cigano que eu trabalho, do Exú e do Caboclo, nada encontrei e um dia o cigano que trabalho, falou que a história dele estava começando naquele exato momento e seria aquela que eu teria que aprender, seria aquela que eu teria que propagar, dentro das Leis da Umbanda.
(…)
Exemplo:
Eu posso trabalhar com Tranca Ruas das Almas e você também, podemos até ter os mesmos Pais e Mães de cabeça, mas o Tranca Ruas das Almas que você trabalha, não é e nunca será o mesmo que eu trabalho, mas ambos chegam na mesma vibração, na mesma energia, são das mesmas Falanges.”
Eu posso trabalhar com Tranca Ruas das Almas e você também, podemos até ter os mesmos Pais e Mães de cabeça, mas o Tranca Ruas das Almas que você trabalha, não é e nunca será o mesmo que eu trabalho, mas ambos chegam na mesma vibração, na mesma energia, são das mesmas Falanges.”
Visto isso, podemos concluir algumas coisas básicas, que devem fazer parte da bagagem cultural de cada um, principalmente de quem está começando na Umbanda:
Primeiramente, cada espírito é um espírito com vida própria e linha evolutiva própria.
Segundo, os nomes que ostentam são, na verdade, identificações das linhas de trabalho e das forças que carregam, e não seus nomes quando encarnados. É como se o exército do general Silveira assumisse o nome “Silveira” para diferenciá-los dos soldados de outros exércitos.
Terceiro, um guia não se apresenta, necessariamente, com a sua última forma encarnada. Um preto velho não foi necessariamente nem negro e nem velho. Um caboclo não foi necessariamente um índio, até porque a palavra “caboclo” não diz respeito aos índios, e sim ao mestiço de branco e índio. E um erê não desencarnou, necessariamente, durante a infância. Acontece que o espírito, quando é agraciado devido ao seu esforço próprio, com a condição de trabalhador junto aos médiuns, tende a se afinar a certas linhas devido sua influência energética. Daí, para que nós, encarnados, compreendamos sua forma de trabalho, eles assumem tais nomes. Um mesmo espírito pode se apresentar, por exemplo, num centro kardecista como médico, num terreiro de Umbanda como caboclo, num de candomblé como Orixá e ainda auxiliar trabalhos energéticos como o Reiki, sem se apresentar em absoluto.
Visto todas essas condições, podemos concluir que, mesmo que uma pessoa encontre na internet ou em livros a história da vida da Cabocla Jurema, para citar somente um exemplo, essa história poderá não concordar com a história pessoal da cabocla com a qual você trabalha. E isso acontece, também, com as formas de incorporação.
A incorporação obedece, primeiramente, ao alinhamento entra as energias vibratórias do médium e do guia. O primeiro tem que subir (afinar) sua vibração e o segundo tem que descer (densificar) a sua, para que as duas comunguem em uma mesma faixa e consigam se corresponder. Esse é o motivo da concentração que o médium necessita para o ato. E esse é também o motivo para que a incorporação não queira dizer que o espírito de um dá licença para o outro espírito assumir o corpo.
Depois existe um mecanismo de proteção para a consciência do encarnado, ao qual damos o nome de “Animismo”. É uma função assumida pela inconsciência, que junta várias informações recorrentes para recriar uma nova forma de agir. Isso é saudável e não condenável, ao contrário do que alguns pensam. Então o modo que uma pessoa incorpora um guia é único e pessoal, não dando para assumir regras aqui. Ficar procurando pela internet, ou em livros, que o guia X incorpora de uma maneira X só pode ser prejudicial, no ponto que influencia o animismo do neófito, e causa insegurança a partir do momento que o neófito percebe que não faz da mesma maneira.
“Aumentar o animismo: A pessoa lê uma descrição de que o Caboclo Y não fuma charuto, quando o incorpora fica com aquilo na cabeça, assim, mesmo que o Caboclo queira pedir um charuto, pode encontrar dificuldades de romper esta barreira anímica criada pelo médium.
Causar Insegurança: O médium lê que o Exu Z quando incorpora ajoelha no chão, aí pensa, “nossa o que eu incorporo não ajoelha!!!” e começa a se sentir inseguro quanto a manifestação do seu guia, podendo com isso atrapalhar o seu desenvolvimento.”
Portanto, estou bem seguro em afirmar que a história do guia é uma coisa maravilhosa de se saber, até porque o guia tem uma forma singular de apontar os erros e dar lições, mas só quem pode saber a história do seu guia é ele mesmo e só quem pode saber a maneira de incorporá-lo, a maneira como ele age, é você, deixando o pensamento livre para que ele se manifeste à vontade. Umbanda é amor e não conheço quem não ame seus guias, por isso mesmo devemos tratá-los como tratamos nossos amigos, nossos irmãos, como seres únicos e completos e não como seres presos a conceitos únicos, presos a uma única vida.
Postado no Grupo de Estudos Boiadeiro Rei
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