A relação ética entre Médiuns, Entidades, Cambone, Consulentes e o Templo
Dentro de um Terreiro de Umbanda e especialmente em nosso Templo o conceito de ética é de grande importância, seriedade e extrema responsabilidade e assim deve ser praticado. A ética é e deve ser prática constante em sua vida, seja em sua casa, em seu trabalho em seu circulo de amizades e convivência e com você mesmo.
A ética se caracteriza pela postura de respeito, sigilo, seriedade, preservando a privacidade das pessoas, particularidades e tudo que possa causar danos a integridade delas perante sua família, seu grupo de trabalho, social e religioso, sendo este último o que vamos tratar a seguir.
Dentro do Templo Espiritual de Umbanda, a ética abrange a pessoa, porém vai muito além dela, desde que a espiritualidade atuando através das Entidades, faz uso do Médium e mesmo do Cambone que o assessora no plano terrestre. Tanto Médium como Cambone são partes ligadas ao trabalho destas Entidades no atendimento aos consulentes e diretamente envolvidos com assuntos pessoais, muito vezes de cunho íntimo dela própria, de familiares ou de pessoas próximas. Frente a uma Entidade os consulentes sentem-se a vontade para expor seus problemas ou dificuldades com todos os detalhes que venham à mente, pois esta é uma das facilidades que a Umbanda permite, ou seja desabafar, mostrar por inteiro tudo que aflige a pessoa. Com isto a Entidade, Médium e Cambone, passam a ser confidentes e até cúmplices nestes casos, é aí que se inicia todo o processo ligado a ética na visão religiosa, na visão deste Templo, na responsabilidade e sigilo, no comprometimento a privacidade e preservação da integridade do consulente, da Entidade em razão de suas respostas e orientações, do Médium por ser este o veiculo e do Cambone, sendo este um ouvinte e participante.
Visto desta forma o Médium (consciente) deve ter como postura não se deixar envolver pelos problemas ali apresentados, muito menos agindo por impulso, tomar a frente das Entidades, o que pode causar sérios danos ao efeito das orientações e distorcendo o entendimento do consulente para solução do problema, e principalmente do comentário sobre o assunto tratado dentro ou fora do Templo o que pode causar danos muito maiores a todos e principalmente a Casa e seu Comando.
Quanto ao Cambone, a postura e o sentido ético a ser adotado é praticamente a mesma, acrescido dos cuidados e responsabilidade de observar a clareza da orientação passada pela Entidade e não deturpar o sentido da mesma, fazendo uso de habilidades espirituais que não tem ou fazendo interpretações incorretas da mensagem dirigida ao consulente.
Para ambos Médium e Cambone, a ética no sigilo e preservação da integridade estende-se também e principalmente aos assuntos que envolvam o Templo ou qualquer de seus membros. Todo assunto que possa chegar a seus ouvidos ou que presencie tem que ser tratado com responsabilidade e todos os cuidados para que não sejam divulgados de maneira incorreta e perniciosa, afetando a harmonia do ambiente ou do grupo, causando constrangimentos e mal estar.
A observância da ética dentro do Templo e fora dele pelos seus Filhos de Santo e freqüentadores é demonstração da maturidade evolução espiritual, e solidez de caráter de seus membros o que assegura que o objetivo do ensinamento, aprendizado e crescimento do Espírito esta sendo atingido, garantindo a credibilidade e o fortalecimento da Casa e da Corrente.
Cada Filho de Santo e mesmo a Assistência deste Templo deve ter um conceito mais abrangente de ética, sendo ele extensivo e observado em casos onde se perceba que esteja havendo quebra da regra ética por parte de outras pessoas, fazendo comentários, julgamentos ou agindo de forma não condizente com o conceito de preservação da integridade e respeito ao ser humano seja ele quem for.
Templo Espiritual de Umbanda Caboclo Pena Verde
Exigências éticas de atendimento na Umbanda
Uma das razões para a grande frequência às casas umbandistas é a confiança que as pessoas depositam em serem atendidas diretamente por um espírito “incorporado” e a possibilidade de conversarem com a entidade frente a frente, falar de seus problemas, ouvir conselhos, enfim exercitar esse salutar intercâmbio com o plano espiritual.
Esse que é um dos aspectos mais positivos e mais atrativos da pratica umbandista é também – principalmente por esse motivo – um dos fatores que deve inspirar maiores cuidados por parte dos médiuns e dos dirigentes de casas.
O fato é que quando se olha para uma assistência lotada, a primeira constatação que se deve ter é a de que muito poucos estão ali por pura devoção, por curiosidade, ou para simplesmente passar o tempo. O que leva as pessoas a um terreiro são problemas. Problemas das mais variadas naturezas; que vão desde preocupações corriqueiras, até graves enfermidades. No campo das enfermidades incluem-se as do corpo e as da alma e, entre as da alma encontram-se principalmente aquelas ligadas ao campo afetivo que são as que mais facilmente conduzem as pessoas ao desequilíbrio e ao desespero.
Presentemente a faculdade mediúnica da psicofonia completamente inconsciente está em franca extinção. Esse fato, relacionado com o maior grau de consciência dos habitantes do planeta, coloca em evidência a necessidade de o médium passar por um processo de preparação longo e detalhado, antes de ser colocado em uma corrente mediúnica, em condições de atender os consulentes.
Se antigamente a entidade vibrava sobre o médium, tomando-lhe a consciência e expressando-se livremente através do aparelho fonador, hoje a entidade transmite a mensagem que é captada e processada pelo médium que a repassa, depois de submetê-la ao crivo de sua própria consciência e valores. Não se pode mais, portanto, pensar em uma comunicação pura e direta, já que a influência do aparelho mediúnico é quase inexorável.
Retome-se, então, a questão dos problemas que são levados às entidades pelos consulentes e diga-se que, muitas das vezes, alguns irmãos chegam à casa em um estado de absoluta debilidade emocional; alguns até à beira do suicídio, esperando encontrar na assistência do irmão desencarnado o alento para enfrentar sua dor, sua dificuldade, sua provação. Nesses casos, o que ele vier a ouvir ali poderá representar a diferença entre continuar ou desistir, entre reagir ou entregar-se de vez ao desespero.
Sobressai aí a importância de se trabalhar com médiuns preparados e que, além da firmeza e estabilidade de sua mediunidade, possuam igualmente firmeza e estabilidade emocional que lhes permitam reproduzir com clareza a mensagem do mentor, sem interferir, ou só interferindo com a absoluta certeza de o estar fazendo de forma positiva, complementando e melhorando a mensagem espiritual, se isso for possível.
Para tanto, é necessário primeiramente que se tenha a certeza de que as entidades atuantes na Umbanda jamais exporiam publicamente um irmão que lhes foi pedir ajuda, da mesma maneira que também não tratariam qualquer problema que fosse com indiferença ou menosprezo, julgando-o de menor importância ante outros aparentemente mais graves. Quando algo assim acontece, não é a entidade, mas o médium fazendo valer seu domínio sobre a manifestação.
Outro ponto que também merece destaque é o que diz respeito às receitas que são passadas pelas entidades: muitas vezes Pretos Velhos, Caboclos e até mesmo Exus receitam chás, ou banhos de ervas. É necessário ter em mente que as ervas não são absolutamente inofensivas, pois também possuem princípios ativos, muitos dos quais, se não utilizados de maneira correta, podem ser mais prejudiciais que benéficos. Nesse sentido, o médium deve procurar manter um conhecimento aprofundado sobre as ervas normalmente utilizadas em Umbanda e, a despeito desse conhecimento, abster-se de prescrever, deixando sempre tal tarefa para a entidade que verdadeiramente sabe o que está fazendo.
Imprescindível saber também que quem busca ajuda na Umbanda, ao contar seus problemas para a entidade, está empenhando confiança que deve ser retribuída com honestidade. O médium consciente deve procurar esquecer o que ouve e nunca relatar problemas alheios a quem quer que seja: médium não é repórter. O mesmo vale para os cambonos que, por força de seu trabalho, acabam ouvindo grande parte das conversas, mesmo que não o desejem, pois tem que estar por perto para atender as entidades. Cambono também não é repórter.
Outro ponto que não pode ser esquecido é que a mediunidade não faz de ninguém juiz de seus irmãos. Não cabe ao médium julgar o comportamento dos consulentes. Atender e fazer a caridade, independente de quem seja, lembrando que o conselho vem sempre da entidade e ao médium cabe retransmiti-lo em sua essência, sem alterar conteúdos significativos, pois os espíritos enxergam as questões de forma bem mais aprofundada e podem perceber matizes que o aparelho não tem capacidade de captar. A única exceção a essa regra é o caso de haver uma orientação nitidamente discrepante com os princípios da Umbanda e com os ditames legais, caso em que o medianeiro deverá desconfiar de que um obsessor esteja se fazendo passar por guia.
Necessário se faz, portanto, que se caminhe para procedimentos essencialmente éticos no atendimento fraterno, procurando sempre fazer pelo irmão que procura auxílio, o mesmo que se desejaria que fosse feito no seu próprio caso, até porque a dinâmica da vida pode determinar que a qualquer momento, qualquer um necessite de ajuda.
Núcleo de Estudos Umbandistas Brasília
Olá!
Não vejo o consulente como provável médium, nem como alguém que deva passar pelo desconforto/constrangimento de triagem para ser atendido nos terreiros e casas espíritas/espiritualistas.
Vejo o consulente como ser humano em busca de auxílio, alento em suas dores sejam elas de que ordem forem.
Não nos cabe julgar a dor do outro.
Digo isso porque percebo certa "reserva", por parte de alguns médiuns e dirigentes sobre o assunto amor, emprego e a insatisfação das pessoas que vivem problemas semelhantes.
Ora! A pessoa procura o terreiro, ou casa espírita/espiritualista, muitas vezes extremamente angustiada por conta dessas duas questões que, por sua vez podem sim criar condições favoráveis para que ali, no assistido, se instale algum tipo de obsessão.
Ouvi, por esses dias, um sacerdote de Umbanda afirmar que em sua casa, pessoas com problemas afetivos e financeiros não são atendidas, pasmei, e mais, sentenciou ainda que o problema da pessoa, nessas condições, é social ou fruto de sua própria negligência.
No meu entendimento, essa postura não é de um verdadeiro sacerdote, nem Umbandista, nem de religião alguma.
Espiritualidade sem humanidade é pura arrogância.
É certo que nenhuma entidade poderá resolver os problemas das pessoas, mesmo porque existem Leis Maiores que regem o carma, mas, constranger a pessoa que busca ajuda, logo de "cara" com tal postura é no minimo uma questão de falta de sensibilidade.
Nós, Umbandistas, sabemos, ou pelo menos deveríamos saber que o Congá não é balcão de negócios, porém, muitas vezes, quem busca a Umbanda, vem como último recurso, vem aconselhado por um vizinho, parente, amigo, sem noção alguma sobre a religião. A pessoa vem desesperada, dolorida, angustiada e a nossa obrigação, como medianeiros e servos de Oxalá, nosso Mestre e Guia Maior, é de acolher, ouvir, trabalhar, sem julgar se o problema que aflige o consulente é de ordem afetiva, financeira, etc.
A espiritualidade sabe, de ante mão, quem nos enviará e está, antes de nós, preparada para receber a pessoa que muitas vezes nem imagina a razão pela qual foi "induzida" a buscar ajuda num terreiro, nem mesmo nós, medianeiros, sabemos porque tal pessoa, com problemas aparentemente caprichosos, se apresenta ali, diante de nós e da entidade que servimos por aparelho.
É precipitado demais sentenciar, como fez o sacerdote em questão, afinal não precisamos de juízes e sim de auxílio que nos oriente e nos ajude a angariar forças para seguirmos vivendo com dignidade.
A Umbanda é paz e amor, acolhimento, manifestação do espírito para a caridade sem triagem porque Nosso Mestre, Jesus Cristo Oxalá, assim nos ensinou e assim nós, Umbandistas, seus seguidores, o fazemos, ou pelo menos, é o que deveríamos todos fazer.
Certamente que iremos nos deparar, em algum momento de nossa trajetória como médiuns, com situações adversas, que fogem à nossa compreensão, porém, até nesses momentos, estamos sob a supervisão da espiritualidade maior que nos observa e nos permite a ação/reação, testando nossa fé e firmeza.
Ninguém vem a nós sem a permissão/supervisão da Espiritualidade.
A Umbanda está de braços abertos para todos, sem distinção. Terreiro e Sacerdote que se preze, mantem as portas da casa e do coração abertas.
Respeito é o que todos queremos, portanto respeite o próximo e lembre-se que o Caboclo das Sete Encruzilhadas, numa de suas manifestações registradas, deixou muito claro que ajudou seu médium Zélio Fernandino de Moraes a se casar porque era necessário que assim fosse, ou seja, a espiritualidade sempre nos ajudará dentro do nosso merecimento e necessidade, independente do nosso julgamento ou de nossas preferências.
Como podemos sentenciar que problemas afetivos e financeiros não sejam de ordem espiritual?
Somos espíritos num corpo temporário de carne e quase todos os nossos problemas são reflexos do passado ecoando em nosso presente que acabamos complicando por não sabermos como lidar com eles e, nessa hora é que entra o balsamo confortante da espiritualidade que nos ajuda a enxergar e a conviver melhor com nossas dores e dificuldades até que encontremos força e sabedoria, por nós mesmos, para a construção de um futuro melhor, mesmo porque o futuro é eterno, não se extingue com o corpo perecível.
É certo que o movimento Umbandista tem lutado pela desmistificação, por simplificar cada vez mais seus rituais para que haja harmonia com o tempo que vivemos, mas, dai a selecionar as aflições dos consulentes já é demais, foge ao espírito de caridade e aos ensinamentos de Nosso Mestre e Guia Maior, Jesus.
Com toda a certeza, o Umbandista sério não se dará ao papel de realizar trabalhos de amarração, corte, barganha, etc, e se, por ventura, o médium incorporado, vir a se deparar com tal situação, sábia e gentilmente, a própria entidade o esclarecerá muitas vezes demovendo-o de tão deprimente intenção.
Simplificar sim, é justo e necessário, mas julgar e negar auxílio nunca, mesmo porque, pode acontecer que nas entrelinhas de um problema afetivo/financeiro, esteja um problema muito maior de ordem cármica no qual possivelmente estejam envolvidos muitos espíritos encarnados e desencarnados, por isso, nunca, mas nunca mesmo, julgar, sentenciar então, nem pensar!
Outro ponto que me desagrada profundamente é a ironia do sacerdote em questão quando se refere à ingenuidade de alguns consulentes que pensam, por falta de conhecimento, que as entidades o atenderão em todas as suas necessidades. Sabemos nós, Umbandistas sérios e comprometidos com o bem que as coisas não são bem assim, porém, ironizar não ajuda em nada, só atrapalha mesmo e perde-se ai uma grande oportunidade de repassar ao menos um pouco de Luz através do compartilhar conhecimento que é uma das tantas maneiras de se praticar a caridade verdadeira.
Atenção! Os falsos profetas estão ai aos montes e nunca, jamais esqueçam que o espírito que move a Umbanda é a fé, a caridade e o Amor, sendo o Amor seu maior representante!
Axé Meu Povo!
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