Axééé a todos!!! Depois de uma semana corrida e cheia de boas emoções, quero parabenizar, agradecer e aplaudir todos aqueles que já se batizaram na Umbanda, que se converteram ou ainda, se confirmaram diante dos Orixás pelas Forças dos Caboclos, Pretos-Velhos, Baianos, Boiadeiros, Exus e todo o Povo da Umbanda.
Sim, na Umbanda existe o Ritual do Batismo, de Conversão e de Confirmação religiosa.
Rituais que devem ser bem preparados, conduzidos e entendidos. Ritos que devem ser fundamentados e sacralizados. Momentos únicos que devem preencher o espirito de amor e suprir a alma de encanto e magia como É a nossa Umbanda e como o Astral Superior MERECE. E por fim, um AXÉ peculiar que só atinge e envolve pessoas do bem, pessoas dispostas e abertas a darem e a receberem tamanha energia, força e Luz como é nato da Umbanda.
Pessoas que conseguem enxergar Além, que confiam, que caminham, que rezam, choram e sentem.
Sentem o coração bater forte, a terra sob os pés e entre as mãos, as pipocas em forma de flores percorrendo e perfumando o corpo, e uma Luz quente, apaziguadora e direcionadora que sempre surge entre a escuridão da visão na matéria.
Pessoas que veem a mata romper, as flechas correrem, os atabaques rufarem, o vento zunir, a alfazema comover e o relampejar de Oxóssi mesmo que na escuridão dos olhos.
Pessoas que acordam cedo, suam, fazem, trabalham, carregam, superam, suspiram e ainda gritam, acreditam, cantam e dançam: “Não mexe comigo que eu não ando só!”
Ahhh… Não tenho como não aplaudir… E os Caboclos, acredito eu, não têm como não agradecerem. Afinal, a cada lágrima de emoção que cai na certeza da fé rega o capim que alimenta a vida, refaz as nascentes da alma e faz a Aruanda mais linda e límpida.
Aruanda que agora recebe novos devotos, zeladores, guardiões e guerreiros. Que recebe VOCÊ quando diz: “Sim! Eu aceito, eu quero, eu afirmo, confirmo e reafirmo: a Umbanda é minha religião! Aquela que me sustenta, que me direciona, protege e ilumina. Que me dá respostas e ainda me faz enxergar melhor o sentido da vida e do espírito. Sim, eu SOU UMBANDA!!!”.
E quais são os fundamentos desses rituais?
Entre alguns elementos sagrados como pemba, vela, água de cachoeira, fé e compromisso, para mim ainda são os olhos se abrindo, o sorriso aflorando, o corpo arrepiando, as águas de Oxum propiciando renascimento a cada “sim” e Oxóssi, o Rei das Matas, dando boas vindas e parabenizando cada bom espirito que se permite Ser Umbanda.
Mesmo porque, depois desses sacramentos nos tornamos Filhos de Pemba, Filhos de Orixá ou ainda, Filhos da Umbanda. Agora, como sugere Bethania: “Não andamos no breu, nem andamos na treva; por onde vamos o Santo nos leva”.
Axéééé a todos e que a Umbanda, Caboclos, Oxóssis, Pretos-Velhos, Exus e toda a Aruanda tenham muito orgulho de nós, seus devotos, zeladores, guardiões e guerreiros.
Carta de Amor
Textos de Maria Bethânia (Paulo César Pinheiro) —— Não mexe comigo que eu não ando só eu não ando só que eu não ando só Não mexe não Não mexe comigo que eu não ando só eu não ando só que eu não ando só Tenho zumbi, besouro, chefe dos tupis. Sou tupinambá. Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura, morubixabas, cocares, arco-íris, zarabatanas, curare, flechas e altares. A velocidade da luz no escuro da mata escura, o breu, silêncio, a espera… Eu tenho Jesus, Maria e José, Todos os pajés na minha companhia. O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos o poeta me contou. Não misturo, não me dobro. A rainha do mar anda de mãos dadas comigo. Ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim. É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo, garante meu sangue e minha garganta. O veneno do mal não acha passagem. No meu coração Maria acende sua luz e me aponta o caminho. Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã. Giro o mundo, viro, reviro. To no recôncavo quem fez. Voo entre as estrelas, brinco de ser uma. Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino. Rezo com as 3 Marias. Vou além. Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas. Durmo na forja de Ogum. Mergulho no calor da lava dos vulcões, corpo vivo de Xangô. Não ando no breu… Nem ando na treva… É por onde eu vou que o santo me leva Não ando no breu… Nem ando na treva… É por onde eu vou que o santo me leva Medo não me alcança, no deserto me acho. Faço cobra morder o rabo, escorpião virar pirilampo. Meus pés recebem bálsamos: Unguentos suave das mãos de Maria, irmã de Marta e Lázaro, No oásis de Bethânia. Pensou que ando só? Atente ao tempo. Não começa nem termina, é nunca é sempre. É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra. Fulmina-me justo. Deixa nua a justiça Eu não provo do teu fel Eu não piso no teu chão E pra onde você for Não leva meu nome não E pra onde você for Não leva meu nome não Eu não provo do teu fel Eu não piso no teu chão Pra onde você for Não leva meu nome não Não leva meu nome não Onde vai valente? Você secou. Seus olhos insones secaram. Não veem brotar a relva que cresce livre e verde, longe da tua cegueira. Seus ouvidos se fecharam a qualquer música, a qualquer som. Nem o bem nem o mal pensam em ti. Ninguém te escolhe. Você pisa na terra mas não a sente, apenas pisa. Apenas vaga sobre o planeta. E já nem ouve as teclas do teu piano. Você está tão mirrado que nem o diabo te ambiciona. Não tem alma. Você é o oco do oco do oco do sem-fim do mundo. O que é teu já tá guardado Não sou eu que vou lhe dar, não sou eu que vou lhe dar, não sou eu que vou lhe dar. O que é teu já tá guardado Não sou eu que vou lhe dar, não sou eu que vou lhe dar, não sou eu… Eu posso engolir você, só pra cuspir depois. Minha fome é matéria que você não alcança. Desde o leite do peito de minha mãe até o sem-fim dos versos, versos, versos, que brotam no poeta em toda poesia sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi. Se choro, quando choro, minha lágrima cai é pra regar o capim que alimenta a vida. Chorando eu refaço as nascentes que você secou. Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio. Vivo de cara pro vento, na chuva. E quero me molhar. O terço de Fátima e o cordão de Ghandi cruzam meu peito: sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta. Não mexe comigo que eu não ando só eu não ando só que eu não ando só Não mexe não Não mexe comigo que eu não ando só eu não ando só eu não ando só - Não mexe comigo…Escrito por Monica Caraccio Fonte: Minha Umbanda
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