Sebastião nasceu na fazenda Boa Esperança, em Minas Gerais,
no final do século XVIII. Seus pais eram crioulos que já nasceram escravos.
Tiãozinho, como era conhecido, desde cedo ajudava na lida com o gado e com os
cavalos. Era um serviço que ele tinha prazer em realizar. Tião só não gostava
de ver os maus tratos, então sempre que podia evitava expor os animais ao
sofrimento. Se ele era castigado por conta disso, não se importava, contanto
que pudesse livrar os animais das chibatadas.
Tião estava com dez anos quando uma remessa de cavalos puro
sangue chegou à fazenda. Um dos cavalos estava arredio e não aceitava a
aproximação de ninguém. O adestrador espancava o animal, mas de nada adiantava.
Quanto mais ele batia, mais o animal se rebelava. Tião sentia a dor do animal.
Então, enquanto todos dormiam, reuniu os cavalos e saiu em fuga com eles. O
capataz ao ouvir o tropéu dos cavalos, reuniu os jagunços e saiu em
perseguição. Pensaram tratar-se de roubo e saíram atirando nos fujões. Atiraram
contra Tião e atingiram-no em cheio nas costas. Ele ainda conseguiu abrir a
porteira para que os cavalos fugissem, mas morreu ali mesmo. Seus pais nem
puderam lamentar o ocorrido, pois foram castigados por conta dele e vendidos
para outra fazenda.
Com o passar dos anos, sempre
que um animal era maltratado na fazenda, alguém ouvia um assobio e o animal
saía em disparada, pulando cercas e sumindo no meio das matas. Então a lenda
cresceu e diziam que um menino negro montado em um cavalo atiçava os animais
para eles fugirem.
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