Muitos aqui no Sul não conhecem o trabalho dos Boiadeiros, por tratar-se de uma falange que trabalha nas casas de Umbanda principalmente do norte do País.
Para que conheçam um pouco desta Linha de Trabalho na Umbanda, transcrevo a seguir um texto captado na internet, cuja autoria não consegui identificar, e que resume o trabalho destes espíritos:
“ Dentre muitos caboclos que baixam em vários terreiros, o Caboclo Boiadeiro tem sempre uma participação especial nas seções de Caboclo.
Boiadeiro é muito respeitado e aplaudido por trazer de volta ao nosso convívio toda a sua experiência adquirida em tempos de boiada, do sertão bravio, do homem responsável pela conduta da boiada do seu patrão.
Usa o laço, para laçar o boi brabo, ou para pegar aquele que se afasta da boiada, ou ainda usada para derrubar o boi para abate. Boiadeiro, na verdade, traz toda uma soma de sabedoria acumulada dessas viagens e vivências do campo. Na verdade, estamos descrevendo uma maravilhosa entidade de muita luz e muita força.
Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência. Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, assim como os Exus.
Da mesma maneira que os Pretos Velhos representam a humildade, os Boiadeiros representam a força de vontade, a liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande.
O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso, valente e de muita força física.
Enquanto os "caboclos índios" são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores.
Os Boiadeiros vêm dentro da linha de Oxóssi. Mas também são regidos por Iansã, tendo recebido da mesma a autoridade de conduzir os eguns da mesma forma que conduziam sua boiada quando encarnados. Levam cada boi (espírito) para seu destino, e trazem os bois que se desgarram (obsessores, quiumbas, etc.) de volta ao caminho do resto da boiada (o caminho do bem).
Sua maior finalidade não é a consulta como os Pretos Velhos, nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o "dispersar de energia" aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema importância essa função, pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha "sempre" atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos).
Esses espíritos atendem aos boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina.
Em grande parte, o trabalho dos Boiadeiros é no descarrego e no preparo dos médiuns.
Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes. Costumam proteger demais seus médiuns nas situações perigosas.
Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé. “
Uma de nossas irmãs de corrente, clarividente, em visita a uma conhecida casa de Curitiba, em dia de Gira de Boiadeiros, percebeu alguns espíritos que facilmente identificou, pela indumentária, tratarem-se de gaúchos, mais especificamente, peões tropeiros, como chamamos aqui no Sul os homens que trabalham com o gado na lida de campo.
Conversando com um deles, este informou que pela dificuldade de encontrarem no Sul uma casa que trabalhe com esta linha, aqueles espíritos que se identificam com este trabalho acabam por integrarem a Falange dos Boiadeiros.
Na primeira reunião do grupo, antes mesmo da inauguração desta casa, ainda no tempo do apartamento, após o relato desta médium, apresentou-se um espírito, movimentando o braço como se estivesse girando o laço, informando que um grupo de espíritos desta linha estava pronto para trabalhar em nossa casa e que seriam chamados de " Tropeiros ", e que seriam saudados com a expressão " Buenas ", tão popular entre os gaúchos.
O grupo é liderado por uma família, identificada como " Os Bezerras ", cuja matriarca é D.Filomena, espírito de muita luz e que quando chega no terreiro com sua humildade, o ambiente fica pleno de amor, serenidade e ao mesmo tempo muita energia e determinação.
Hoje, aos poucos, outros vão se apresentando, conforme a necessidade durante os trabalhos.
Um " upa" (abraço, em 'gauchês') a todos os espíritos que integram este grupo e nos enriquecem com seu trabalho e sua proteção.
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