Seguidores

Translate - Tradutor

Volte sempre!


Fale Conosco 
 

Atenção. Importante!

Alguns Textos, Mensagens e Imagens foram retirados de variados sites, caso alguém reconheça algo como sua criação e não tenha sido dado os devidos créditos entre em contato.

A real intenção do blog Grupo Boiadeiro Rei não é de plágio, mas sim de espalhar Conhecimento e Espiritualizar...

 
TODO ACERVO DE MATERIAL DE ESTUDOS DO GRUPO DE ESTUDOS BOIADEIRO REI ESTA NO SERVIDOR ISSUU DEVIDO AO GRANDE NUMERO DE INFORMAÇÕES DA RELIGIÃO ACESSE - O LINK EBOOKS A BAIXO 
 
LlNK:
 

Pesquisar

Leia Também em nosso Site

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Conta a Lenda que Xango...



A LENDA
Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro, cujo corpo era preto à direita e branco à esquerda.

Homem valente à direita.
Homem valente à esquerda.
Homem valente em casa.
Homem valente na guerra.
Oranian foi fundador do Reino de Oyó, na terra dos iorubás.
Durante suas guerras, ele passa sempre por empê, território Tapá, também Nupê.
Elempê, o rei do lugar, fez uma aliança com Oranian e deu-lhe, também, sua filha em casamento.
Desta união nasceu este filho vigoroso e forte, chamado Xangô.
Durante sua infância, em Tapá, Xangô só pensava em encrenca.
Encolerizava-se facilmente, era impaciente, adorava dar ordens e não tolerava nenhuma reclamação.
Xangô só gostava de brincadeira de guerra e de briga.
Comandava os pivetes da cidade, ele ia roubar os frutos das árvores.
Crescido, seu caráter valente o levou a partir em busca de aventuras gloriosas.
Xangô tinha um oxé - machado de duas lâminas, um saco de couro, pendurado em seu ombro esquerdo. Nele encontravam-se os elementos do seu poder ou axé: aquilo que ele engolia para cuspir fogo e amedrontar seus adversários, e a pedras e raios com as quais ele destruía as casas de seu inimigos.


O primeiro lugar que Xangô visitou chamava-se Kossô. Ai chegando, as pessoas assustadas disseram:
-Quem é esse perigoso personagem?
-Ele é brutal e petulante demais!
-Não o queremos entre nós!"
-Ele vai maltratar-nos!
-Ele vai espalhar a desordem na cidade!
-Não o queremos entre nós!
Mas Xangô os ameaçou com seu oxé.
Sua respiração virou fogo e ele destruiu algumas casas com suas pedras de raio.
Todo mundo de Kossô veio pedir-lhe clemência, gritando: Kabiyesi Xangô, Kawo Kabiyesi Xangô Obá Kossô!
-Vamos todos ver e saudar Xangô, Rei de Kossô! Quando Xangô tornou-se rei de Kossô, ele pôs-se à obra. Contrariamente ao que as pessoas desconfiavam e temiam, Xangô fazia as coisas com alma e dignidade. Ele realizava trabalhos úteis a comunidade.
Mas esta vida calma não convinha a Xangô.
Ele adorava as viagens e as aventuras.
Assim, partiu novamente e chegou à cidade de Irê, onde morava Ogum.
Ogum o terrível guerreiro.
Ogum o poderoso ferreiro.
Ogum estava casado com Iansã, senhora dos ventos e das tempestades. Ela ajudava Ogum em suas atividades.
Todas as manhãs, Iansã o acompanhava à forja e carregava, para ele, as ferramentas.
Xangô gostava de sentar-se ao lado da forja para ver Ogum trabalhar. Vez por outra, ele olhava para Iansã. Iansã, também, espiava furtivamente Xangô. Xangô era vaidoso e cuidava muito de sua aparência, a ponto de trançar seus cabelos como o de uma mulher. Ele fizera furos nos lobos de suas orelhas, onde pendurava argolas. Que elegância! Muito impressionada pela distinção e pelo brilho de Xangô, Iansã fugiu com ele e tornou-se sua primeira mulher. Xangô voltou por pouco tempo a Kossô, seguindo depois, com seus súditos, para o reino de Oyó, o reino fundado, antigamente, por seu pai Oranian. O trono estava ocupado por um meio irmão de Xangô, mais velho que ele, chamado Dadá-Ajaká, um rei pacífico, que amava a beleza e as artes. Xangô instalou-se em Oyó, um novo bairro que chamou de Kossô.
Ele conserva assim, seu título de Obá kossô - "Rei de Kossô". Xangô guerreava para seu irmão Dadá. O reino de Oyó expandia-se para os quatros cantos do mundo. Ele se estendeu para o Norte. Ele se estendeu para o sul. Ele se estendeu para o Leste e se estendeu para o Oeste. Xangô, então, destronou seu irmão Dadá-Ajaká e fez-se rei em seu lugar.
Xangô construiu um palácio com cem colunas de bronze, ele tinha um exército de cem mil cavaleiros.
Vivia entre suas mulheres e seus filhos.
Iansã, sua primeira mulher, bonita e ciumenta. Oxum, sua segunda mulher, coquete e dengosa. Obá, sua terceira mulher, robusta e trabalhadora. Sete anos mais tarde, foi fim do seu reino: Xangô, acompanhado de Iansã, subira a colina de Igbeti, cuja vista dominava seu palácio de cem colunas de bronze.
Ele queria experimentar uma nova fórmula que inventara para lançar raios. A fórmula era tão boa que destruiu todo o seu palácio! Adeus mulheres, crianças, servos, riquezas, cavalos, bois e carneiros. Tudo havia desaparecido, fulminado, espalhando e reduzido a cinzas. Xangô, desesperado, seguido apenas por Iansã, voltou para Tapá. Entretanto, chegando a Kossô, seu coração no suportou tanta tristeza. Xangô bateu violentamente com os pés no chão e afundou-se terra a dentro. Oxum e Obá transformaram-se em rios e todos tornaram-se orixás.
Xangô, orixá do trovão.


CABAÇAS DOS SEGREDOS

Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê.

Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô.
Iansã foi e lá Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.
Iansã ia muito apressada e não agüentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.
Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para os céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns.
Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.



CONDENAÇÃO

Airá, aquele que se veste de branco, foi um dia às terras do velho Oxalá para levá-lo à festa que faziam em sua cidade. Oxalá era velho e lento, por isso Airá o levava nas costas. Quando se aproximavam do destino, vira a grande pedreira de Xangô, bem perto de seu grande palácio.

Xangô levou Oxalufã ao cume, para dali mostrar ao velho amigo todo o seu império e poderio.
E foi lá de cima que Xangô avistou uma belíssima mulher mexendo sua panela.
Era Oiá! Era o amalá do rei que ela preparava!
Xangô não resistiu à tamanha tentação.
Xangô perdeu a cabeça e disparou caminho abaixo, largando Oxalufã em meio às pedras, rolando na poeira, caindo pelas valas.
Oxalufã se enfureceu com tamanho desrespeito e mandou muitos castigos, que atingiram diretamente o povo de Xangô.
Xangô, muito arrependido, mandou todo o povo trazer água fresca e panos limpos.
Ordenou que banhassem e vestissem Oxalá.
Oxalufã aceitou todas as desculpas e apreciou o banquete de caracóis e inhames.
Mas Oxalá impôs um castigo eterno a Xangô. Ele que tanto gosta de fartar-se de boa comida.
Nunca mais pode Xangô comer em prato de louça ou porcelana. Nunca mais pode Xangô comer em alguidar de cerâmica. Xangô só pode comer em gamela de pau, como comem os bichos da casa e o gado e como comem os escravos.


BENFEITOR

Ogbe Obara usou o oráculo para Xangô e ajudou-o quando este era muito pobre no Orun.

O mesmo Ogbe Obara era muito pobre, mas ao terminar de fazer o ebó convidou Xangô a ir à sua casa na Terra, mas este não aceitou por não estar apresentável, pelo que Ogbe Obara regressou sozinho.
Xangô viu no Orun que o mundo dos humanos estava sujo e era mau pelo que jurou eliminar todos os malfeitores da face da Terra.



Quando Xangô se preparava para começar a batalha a primeira coisa que aconteceu foi que um tornado começou a levantar os tetos das casas na Terra. Nesse momento Ogbe Obara não estava na sua casa porque andava noutro lugar adivinhando para os necessitados, mas a sua mulher estava e começou a cantar implorando clemência ao Orun quando viu que as árvores e as casas caíam com o passar dos ventos.
A canção indicou a Xangô que nesse lugar se encontrava a casa do seu benfeitor pelo que o orixá abandonou o seu plano de destruição e voltou ao Orun.



COMEU,... PAGOU

Houve uma época em que Aganjú reinava sobre uma grande extensão de terra e Xangô era seu primeiro ministro, submetido então às suas ordens.

Formaram então, uma nação muito poderosa, que havia dominado por força de seus exércitos, a diversos povos, que tinham que pagar periodicamente tributos de guerra, em forma de todos os tipos de alimentos.
Aganjú, possuía muitos e fiéis amigos e Xangô, mulherengo como ninguém, tinha um grande número de esposas e concubinas.
Periodicamente, os povos dominados por Aganjú enchiam barcos com alimentos e enviavam-nos, rio a baixo, em direção a capital do reino.
Xangô reuniu um grupo de homens chefiados por um de sua inteira confiança, encarregando-os de interceptar os barcos de alimentos destinados a Aganjú, o que acabou por criar um problema muito sério.

Interrompido o abastecimento de gêneros alimentícios na capital, a fome passou a habitar o palácio real, onde viviam apenas nobres e guerreiros, que nada produziam e que serviam apenas de sustentáculo ao sistema estabelecido.
Preocupado com a situação, Aganjú enviou alguns guerreiros de sua confiança para, de forma secreta, verificarem o que estava acontecendo. Os homens foram se espalhando, escondidos por toda a margem do rio, em determinado momento, viram uma grande embarcação carregada de quiabos e muitos sacos de farinha, aproximando-se ao sabor da corrente.
Repentinamente, os homens de Xangô, chefiados por Ogan, aproximaram-se da margem do rio e, esperando que a embarcação se aproximasse, lançaram cordas de forma que o curso do barco fosse interrompido. Imediatamente o cargueiro foi puxado até a margem e ali, depois de descarregado, foi totalmente destruído para não deixar vestígios do acontecido.
Perpetrado o roubo, os guerreiros de Aganjú lançaram-se sobre os ladrões que lograram fugir com a exceção de Ogan que foi capturado e conduzido à presença do rei.
Apresentado ao povo como responsável pelo desaparecimento da comida, Ogan foi condenado a tocar Ilú, dia e noite, para que as pessoas dançassem enquanto cantavam:
Lu manlo, emanlo,: Baila e faz bailar,
Lu manlo, emanlo! Baila e faz bailar!
Mojee mofile: Em pagamento pela comida
Eni oma mofile: Que foi consumida
Mojee mofile! E que nos pertencia!
Foi a partir de então que Xangô tornou-se rei em suas terras, libertando-se do poder de Aganjú que, para poder receber os alimentos a que têm direito, deve usar dos atributos de Xangô, uma vez que tudo o que lhe é endereçado, passa primeiro diante deste Orixá.



CÓPIA

Xangô não gosta da morte, apesar disso sua maneira de vestir se assemelha muito a maneira de vestir de Egum, porque ambos são originários da mesma região da África.

Estava sendo preparada uma grande festa para Xangô que estava fora participando de uma de suas batalhas.
Sabendo disso e se aproveitando da semelhança que existia entre ele e Xangô, Egum veio na frente e, enganando à todos com suas vestes, comeu tudo que tinha sido preparado para Xangô, fazendo-se passar por ele.
Quando Xangô chegou não havia mais nada para comer e contaram que alguém parecido com ele havia cometido o ultraje.
Xangô descobriu quem era e criou-se assim a grande rixa entre Xangô e Egum.
Certa feita EGUM vestiu roupas idênticas a de Xangô com bota e tudo e saiu " aprontando".
Chegava nos lugares e fingia que era Xangô comendo as comidas e recolhendo as oferendas destinadas ao rei .
Xangô mandou cortar a cabeça de Egum.




COROAÇÃO

Xangô ávido por tomar a coroa de Ogum, deu a ele um sonífero no café e correu ao lugar onde a cerimônia ia ter lugar.

Ali Iemanjá mandou apagar a luz para começar a cerimônia.
Xangô aproveitando a escuridão, cobriu-se com uma pele de ovelha e sentou-se no trono.
A pele de ovelha servia para parecer-se com Ogum na hora em que a mãe o coroasse, já que Ogum por ser primogênito é tido como homem pré-histórico coberto por pêlos.
Depois que Iemanjá colocou a coroa sobre sua cabeça e as luzes voltaram, todo mundo viu que era Xangô e não Ogum, mas já era tarde demais para voltar atrás.




DONA DO TETO

Xangô enviou Oiá em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si esse terrível poder.




ENFORCADO


Certa feita Xangô quase é convencido por Euá e Ossaim a se enforcar.

Seu reino, de Oió estava afundando e ele, ingenuamente, fora se aconselhar com EUÁ, a qual junto com Ossaim, que lhe aconselhavam a enforcar-se e morrer gloriosamente.
Se não fosse Oiá, o rei teria se enforcado mesmo.


ESTRONDOS

Xangô vivia em seu reino com suas 3 mulheres, Iansã, Oxum e Obá, muitos servos, exércitos, gado e riquezas.

Certo dia, ele subiu num morro próximo, junto com Iansã; ele queria testar um feitiço que inventara para lançar raios muito fortes.


Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de estrondos e muitos raios riscaram o céu. Quando tudo se acalmou, Xangô olhou em direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido.
Ele e Iansã correram para lá e viram que não havia sobrado nada nem ninguém.
Desesperado, Xangô bateu com os pés no chão e afundou pela terra; Iansã o imitou.
Oxum e Obá viraram rios e os 4 se tornaram Orixás.


FERRO VERSUS RAIOS

Antes de se tornar mulher de Xangô, Oiá tinha vivido com Ogum.

A aparência do deus do ferro e dos ferreiros causou-lhe menos efeito que a elegância o garbo e o brilho do deus do trovão.
Ela fugiu com Xangô, e Ogum, enfurecido, resolveu enfrentar seu rival; mas este último foi à procura de Olodumaré, o deus supremo, para lhe confessar que havia ofendido a Ogum.
Olodumaré interveio junto ao amante traído e recomendou-lhe que perdoasse a afronta.
E explicou-lhe: "Você, Ogum, é mais velho do que Xangô! Se, como mais velho, deseja preservar sua dignidade aos olhos de Xangô e aos dos outros orixás, você não deve se aborrecer nem brigar: deve renunciar a Oiá sem recriminações".
Mas Ogum não foi sensível a esse apelo, dirigido aos sentimentos de indulgência. Não se resignou aos sentimentos de indulgência.


Não se resignou tão calmamente assim, lançou-se à perseguição dos fugitivos e, trocou golpes de varas mágicas com a mulher infiél, que foi, então, dividida em nove partes. Este número 09, ligado a Oiá, está na origem de seu nome Iansã.
Uma outra indicação da origem desse nome nos é dada pela lenda da criação da roupa de Egúngún por Oiá. Roupas sob a quais, em certas circunstancias, os mortos de uma família voltam a terra a fim de saudar seus descendentes.
Oiá é o único orixá capaz de enfrentar e dominar os Egúngún. Oiá lamentava-se de não ter filhos. Esta triste situação era conseqüência da ignorância a respeito das suas proibições alimentares. Embora a carne de cabra lhe fosse recomendada, ela comia a de carneiro. Oiá consultou um babalaô, que lhe revelou seu erro, aconselhando-a a fazer oferendas, entre as quais deveria ser um tecido vermelho. Este pano, mais tarde, haveria de servir para confeccionar as vestimentas dos Egúngún. Tendo cumprido essa obrigação, Oiá tornou-se mãe de nove crianças, o que se exprime em iorubá pela frase: "Ìyá ommo mésàn", origem de seu nome Iansã.


FOGO PELAS VENTAS

Xangô, filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça. Seu pai, Obatalá, era informado de seus atos, recebendo queixas de todas as partes da terra. Obatalá alegava que seu filho era como era por não haver sido criado junto dele, mas que, algum dia, conseguiria dominá-lo.

Certo dia, estando Xangô na casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa. Obatalá e Oduduá passaram por lá, viram o animal de Xangô, e o levaram com eles.
Ao sair, Xangô percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e acolá. Chegando a uma vila próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam levando consigo seu animal, o que deixou Xangô ainda mais colérico.
Xangô alcançou os dois velhos e ao tentar agredi-los percebeu que eram Obatalá e Oduduá. Obatalá levantou seu opaxorô e ordenou: “Sangò kunlé, foribalé”.
Xangô desarmado atirou-se ao chão em total submissão à Obatalá.
Xangô tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo: “Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho”.
Daquele dia em diante Xangô submeteu-se às ordens do velho rei.”




FRUTO DE COLETA
Ogun e Xangô nunca se reconciliaram.

Vez por outra digladiavam-se.
Por pura satisfação do espírito belicoso dos dois. Eram, os dois, magníficos guerreiros. Certa vez Ogun propôs a Xangô uma trégua em suas lutas, pelo menos até que a próxima lua chegasse.



Xangô fez alguns gracejos, Ogun revidou, mas decidiram-se por uma aposta, continuando assim sua disputa permanente.
Ogun propôs que ambos fossem a praia e recolhessem o maior número de búzios que conseguissem. Quem juntasse mais, ganharia, e quem perdesse daria ao vencedor o fruto da coleta. Puseram-se de acordo.
Ogun deixou Xangô e seguiu para a casa de Oiá, solicitando-lhe que pedisse a Iku que fosse à praia no horário que tinha combinado com Xangô. Oiá aceitou, mas exigiu uma quantia em ouro como pagamento, que recebeu prontamente.
Na manhã seguinte, Ogun e Xangô apresentaram-se na praia e imediatamente o enfrentamento começou.
Cada um ia pegando os búzios que achava. Vez por outra se entreolhavam.
Xangô cantarolava sotaques jocosos contra Ogun. Ogun, calado, continuava a coleta.



O que Xangô não percebeu foi a aproximação de Iku. Ao erguer os olhos, o guerreiro deparou com a morte, que riu de seu espanto.
Xangô soltou o saco da coleta, fugindo amedrontado e escondendo-se de Iku.
À noite Ogun procurou Xangô, mostrando seu espólio.
Xangô, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta.





HÁ MUITO TEMPO ATRÁS...

Na aldeia, governada sabiamente por Naim, morava o grande guerreiro Xangô.

Forte, destemido, combativo, Xangô fora educado para ser rei, para ser grande, para conquistar tudo o que lhe agradasse.


Sendo assim, Xangô era impertinente, irascível, achava que podia viver com pedras nas mãos e atirá-las ao seu dispor. Seu caráter impossível fazia com que explodisse a todo o momento, por pequenas coisas. Sua raiva ecoava por toda savana. Na maioria das vezes, depois de rolar pedras ao léu, Xangô envergonhado se esforçava para se desculpar consolando a quem tinha magoado.

Um dia, Naim, observando Xangô, após uma explosão de raiva, resolveu que chegara a hora de, com sabedoria intervir no comportamento desastroso do futuro rei Nagô. Apanhou uma folha de mangueira, aproximou-se e disse:
- Amassa-a!
Xangô, sem responder, obedece.
- Agora, deixe-a como estava antes.
Por mais que Xangô tentasse, não conseguiu retirar as marcas que suas mãos deixaram na folha.
Naim, muito sério, olhou nos olhos de Xangô e com grande sabedoria disse:



- O coração das pessoas é como essa folha de mangueira. A impressão que nele deixamos é tão difícil de retirar quanto os amassados da folha. Se não puderes falar quando tuas palavras forem tão suaves como o vento, cala-te.
A partir daí, sempre que Xangô sentia que iria explodir, pensava na folha de mangueira e ponderava.
Dessa forma, tornou-se um guerreiro respeitado por seu senso de justiça, tornando-se rei de Oiô, pela admiração e apoio de todos da aldeia, bem como pela indicação sábia de Naim.
No dia de sua coroação, ao receber seu machado sagrado, Xangô disse a seu povo:
- A impressão que deixamos nas pessoas é como a cicatriz do machado... nada remove, nada apaga. Cuidemos para sermos justos mesmo que justiça seja contra nós. Daqui para frente serei o rei de Nagô, defensor da justiça de todos os homens sobre a Terra.



IRRESISTÍVEL

Xangô se considerava o máximo.

Mulher nenhuma no mundo conseguia resistir aos seus encantos. Era o mais belo dos reis, rico e cheio de si.
A fama da beleza de Euá corria mundo, e Euá não era casada.
Xangô resolveu a todo custo, seduzir Euá, nem que tivesse de trabalhar de servo em seu palácio, e foi o que fez.
Euá portadora de vidência e de premonição, previu a chegada em seu reino, de um grande senhor real que viria disfarçado de servo.
Assim preparada, ficou imune ao charme do senhor do fogo qualquer mulher que olhasse Xangô nos olhos brilhantes de fogo, cairia apaixonada.
Euá prevenida não olhava nos olhos.
O tempo foi passando e nada, Xangô irritado tentou possuí-la a força, a moça apavorada, mas muito valente deu uma mordida na mão de Xangô e soltou-se fugindo do palácio, com o rei disfarçado em seu encalço.
Xangô, furioso e pondo fogo pela boca, estava cada vez mais perto, quando Euá avistou a porta do cemitério e entrou, o que fez com que o rei de oió fugisse apavorado, mas a tempo de dizer-lhe que ainda a possuiria de qualquer forma.
Cansada de tantas perseguições, Euá resolveu ficar residindo no Ilê Iboji, onde sempre estaria a salvo de Xangô, estabelecendo um grande relacionamento com Ikú.



JUSTIÇA JUSTA

Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável.

os guerreiros de xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a morte, sem piedade ou compaixão.
As atrocidades já não tinham mais limites.
O inimigo mandava entregar a Xangô seus homens aos pedaços.
Xangô estava desesperado e enfurecido.
Xangô subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá sobre o que fazer.
Xangô estava irado e começou a bater nas pedras com seu oxé, o machado duplo.
O machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados inimigos.
A guerra perdida se transformou em vitória, Xangô ganhou a guerra.
Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que xangô disparou no auge de sua fúria.
Mas os soldados inimigos que sobreviveram foram poupados por Xangô.




LEOPARDO

Xangô ouviu falar de Euá, que vivia enclausurada por seu pai, Oxalá, o qual tinha por ela um imenso amor.

Xangô, o leopardo, resolveu ser empregado no palácio e ficava próximo á torre onde a princesa estava enclausurada, para que ela o visse. Confiava no próprio encanto.
Quando Euá o viu, sentiu-se invadir pela paixão e deixou-se seduzir.
Xangô satisfeito em seus instintos, abandonou a jovem apaixonada, que consciente do engodo, jurou que jamais seria tocada por outro homem.


IEMANJA

Iemanjá era a filha de Olokum, a deusa do mar. Em Ifé, ela tornou-se a esposa de Olofin-Oduduá, com o qual teve dez filhos.

Estas crianças receberam nomes simbólicos e todos se tornaram orixás. De tanto amamentar seus filhos, os seios de Iemanjá tornaram-se imensos. Cansada da sua estadia em Ifé, Iemanjá fugiu na direção do entardecer da terra, como os iorubas designam o Oeste, chegando a Abeokutá.
Ao norte de Abeokutá, vivia Okere, rei de Xaki. Iemanjá continuava muito bonita.
Okere desejou-a e propôs-lhe casamento.
Iemanjá aceitou, mas, impondo uma condição, disse-lhe: Jamais você ridicularizará da imensidão dos meus seios.



Mas, um dia, ele bebeu vinho de palma em excesso voltou para casa bêbado e titubeante.
Ele não sabia mais o que fazia.
Ele não sabia mais o que dizia.
Tropeçando em Iemanjá, esta chamou-o de bêbado e imprestável.
Okere, vexado, gritou: Você, com seus seios compridos e balançantes! Você, com seus seios grandes e trêmulos!
Iemanjá, ofendida, fugiu em disparada.
Acontece que antes do seu primeiro casamento, Iemanjá recebera de sua mãe, OLokum, uma garrafa contendo uma poção mágica pois, dissera-lhe esta: Nunca se sabe o que pode acontecer amanha.
Em caso de necessidade, quebre a garrafa, jogando-a no chão. Em sua fuga, Iemanjá tropeçou e caiu. A garrafa quebrou-se e dela nasceu um rio.
As águas tumultuadas deste rio levaram Iemanjá em direção ao oceano, residência de sua mãe Olokum.
Okere, contrariado, queria impedir a fuga de sua mulher. Querendo barrar-lhe o caminho, ele transformou-se numa colina, chamada, ainda hoje, Okere, e colocou-se no seu caminho.
Iemanjá quis passar pela direita, Okere deslocou-se para a direita.
Iemanjá quis passar pela esquerda, Okere deslocou-se para a esquerda.
Iemanjá, vendo assim bloqueado seu caminho para a casa materna, chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos.
Xangô veio com dignidade e seguro do seu poder. Ele pediu uma oferenda de um carneiro e quatro galos, um prato de amalá, preparado com farinha de inhame, e um prato de gbeguiri, feito com feijão e cebola. E declarou que, no dia seguinte, Iemanjá encontraria por onde passar.
Nesse dia, Xangô desfez todos os nós que prendiam as amarras da chuva.
Começaram a aparecer nuvens dos lados da manhã e da tarde do dia.
Começaram a aparecer nuvens da direita e da esquerda do dia.


Quando todas elas estavam reunidas, chegou Xangô com seu raio. Ouviu-se então: Kakara rá rá rá Ele havia lançado seu raio sobre a colina Okere.
Ela abriu-se em duas e Iemanjá foi-se para o mar de sua mãe Olokum.
Aí ficou e recusa-se, desde então, a voltar em terra. Seus filhos chamam-na e saúdam-na: Odo Iyá, a Mãe do rio, ela não volta mais. IEMANJÁ, a rainha das águas, que usa roupas cobertas de pérola.




MÃE DOS EGUNGUM

Oiá não podia ter filhos, procurou o conselho de um babalaô, ele revelou-lhe que somente teria filhos quando fosse possuída por um homem com violência.

Um dia Xangô a possuiu assim e dessa relação Oiá teve nove filhos, desses filhos, oito nasceram mudos.
Oiá procurou novamente o babalaô, ele recomendou que ela fizesse oferendas.
Tempos depois nasceu um filho que não era mudo, mas tinha uma voz estranha, rouca, profunda, cavernosa.
Esse filho foi Egungum, o antepassado que fundou cada família.
Foi Egungum, o ancestral que fundou a cidade.
Hoje, quando Egungum volta para dançar entre seus descendentes, usando suas ricas máscaras e roupas coloridas, somente diante de uma mulher ele se curva. Somente diante de Oiá se curva Egungum.


MAL  AMADO


Diz o mito que Logun tinha tudo, menos o amor das mulheres, pois mesmo Iansã, quando roubada de Ogum por Xangô, abandona Logun com seu tio, criando assim um profundo antagonismo entre Xangô e Logun, já que por duas vezes Xangô lhe tira a mãe.




MALDADE ANCESTRAL

Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyámi Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos.

As Iyámis ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraído atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyámis Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyani filha de Xangô que ele mais adorava.
Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilá, que lhe disse que Iyami é quem havia matado sua filha, Xangô quis saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilá lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Iku (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilá.
Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos mistérios de Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Eguns, e se tornando estritamente proibida a participação de mulheres neste culto, caso essa regra seja desrespeitada provocará a ira de Olorun. Xangô, Iku e dos próprios Eguns, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais.


NASCE UMA LENDA

Xangô, quando viveu aqui na Terra, era um grande Obá, muito temido e respeitado.

Gostava de exibir sua bela figura, pois era um homem muito vaidoso.
Conquistou, ao longo de sua vida, muitas esposas, que disputavam um lugar em seu coração.
Além disso, adorava mostrar seus poderes de feiticeiro, sempre experimentando sua força.
Em certa ocasião, Xangô estava no alto de uma montanha, testando seus poderes.
Em altos brados, evocava os raios, desafiando essas forças poderosas.
Sua voz era o próprio trovão, provocando um barulho ensurdecedor.
Ninguém conseguia entender o que Xangô pretendia com essa atitude, ficando ali por muito tempo, impaciente por não obter resposta.
De repente, o céu se iluminou e os raios começaram a aparecer.
As pessoas ficaram impressionadas com a beleza daquele fenômeno, mas, ao mesmo tempo, estavam apavoradas, pois nunca tinham visto nada parecido.



Xangô, orgulhoso de seu extremo poder, ficou extasiado com o acontecimento. Não parava de proferir palavras de ordem, querendo que o espetáculo continuasse. Era realmente algo impressionante!
Foi, então, que, do alto de sua vaidade, viu a situação fugir ao seu controle. Tentou voltar atrás, implorando aos céus que os raios, que cortavam a Terra como poderosas lanças, desaparecessem. Mas era impossível - a natureza havia sido desafiada, desencadeando forças incontroláveis!
Xangô correu para sua aldeia, assustado com a destruição que provocara.
Quando chegou perto do palácio, viu o erro que cometera.
A destruição era total e, para piorar a situação, todos os seus descendentes haviam morrido.
Ao ver que o rei estava muito perturbado, seu próprio povo tentou consolá-lo com a promessa de reconstruir a cidade, fazendo tudo voltar ao que era antes.
Xangô, sem dar ouvidos a ninguém, foi embora da cidade.
Ele não suportou tanta dor e injustiça, retirando-se para um lugar afastado, para acabar com sua vida. O rei enforcou-se numa gameleira.
Oiá, quando soube da morte de seu marido, chorou copiosamente, formando o rio Niger.
Ela, que tinha conhecimento do reino dos Eguns, foi até lá para trazer seu companheiro da morte, que veio envolto em panos brancos e com o rosto coberto por uma máscara de madeira, pois não podia ser reconhecido por Ikú, o Senhor da Morte. Xangô ressurge dos mortos, tornando-se um ser encantado. E foi assim que surgiu uma nova forma, ou qualidade, desse orixá, a qual chamamos Airá. Essa variação da essência de Xangô adotou, além do vermelho, a cor branca


NEBLINA

Numa manhã coberta de neblina, sem suspeitar onde se encontrava, Xangô dançava com alegria ao som de um tambor. XANGÔ dançava alegremente em meio à névoa, quando apareceu uma figura feminina enredada na brancura da manhã.

Ela perguntou-lhe por que dançava e tocava naquele lugar.
Xangô, sempre petulante, respondeu lhe que fazia o que queria e onde bem lhe conviesse.
A mulher escutou e respondeu-lhe que ali ela governava e desapareceu aos olhos de Xangô.



Mas ela lançou sobre Xangô os seus eflúvios e a névoa dissipou-se, deixando ver as sepulturas.
Xangô era poderoso e alegre, mas temia a morte e os mortos, os eguns.
Xangô sentiu-se aterrorizado e saiu dali correndo.
Mais tarde Xangô foi à casa de Orunmilaia se consultar e o velho disse-lhe que aquela mulher era Euá, a dona do cemitério.
Ele estava dançando na casa dos mortos.
Xangô que sentia pavor da morte, desde então nunca mais entrou num cemitério, nem ele nem seus seguidores.



OFERTÓRIO

Xangô e Iansã tiveram filhos gêmeos, os Ibejis.

As crianças eram lindas e cresciam fortes para alegria e orgulho de seus pais. Houve, porém, na cidade em que viviam, uma peste avassaladora que infectava e matava crianças em poucas horas.
Para desespero de Iansã, um dos gêmeos foi vitima da doença e morreu sem que ninguém pudesse fazer nada para salvá-lo.
Iansã, a partir desse dia, entrou em profunda depressão, a vida já não apresentava motivos para seguir adiante.
Soprou o vento que sempre trazia, para longe e já não comandava as grandes tempestades que passaram a destruir de forma implacável todas as terras. Em um de seus devaneios, arrumou um boneco de madeira e vestindo-o de maneira esmerada, colocou-o num lugar de honra em sua casa. Era o canto sagrado que ninguém podia transpor apenas ela podia ali entrar acompanhada de sua mágoa e dor.
Todos os dias entregava um pequeno presente aos pés do boneco e chorava copiosamente enquanto conversava como se fosse seu pequeno filho. Olorum, ao ver tamanha tristeza, teve tanto dó da mãe sofredora, que uma lágrima pura e límpida caiu de seus olhos exatamente sobre a cabeça do boneco. A pequena gota mágica fez o menino reviver e Iansã teve seu filho de volta.
Ainda hoje os Ibejis com sua alegria infantil. correm pelos jardins do Orum, sempre observados com doçura pelo amoroso olhar materno da grande guerreira.



PESOS E MEDIDAS

Xangô era rei de Oió, o mais temido e respeitado de todos os reis.

Mesmo assim, um dia seu reino foi atacado por uma grande quantidade de guerreiros que invadiram a cidade violentamente, destruindo tudo e matando soldados e moradores numa tremenda fúria.
Xangô reagiu e lutou bravamente durante semanas. Um dia, porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem volta. Já havia perdido muitos soldados e a única saída seria entregar sua coroa aos inimigos.
Resolveu então procurar por Orunmilá e pedir-lhe um conselho para evitar a derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse uma pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do que deveria ser feito.



Xangô subiu e quando estava no ponto mais alto do terreno foi tomado de extrema fúria.
Pegando seu oxê, machado de duas lâminas, começou a quebrar as pedras com grande violência.
Estas ao serem quebradas, lançavam raios tão fortes que em instantes transformaram-se em enormes línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade, mataram uma grande quantidade de guerreiros inimigos.
Os que restaram, apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo clemência. Levados até ao rei, os presos elegeram um emissário para servir-lhes de porta voz. O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de Xangô. Desculpou-se pedindo perdão. Humilhando-se, explicou que lutavam, não por vontade própria, e sim forçados por um monarca, vizinho de Oió, que tinha um grande ódio de Xangô e os martirizava impiedosamente.
Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos, aceitando-os como súditos de seu reino. Assim tornou-se conhecido como o orixá justiceiro que perdoa quando defrontado com a verdade, mas que queima com seus raios os mentirosos e delinquentes.



PILÃO

Oxaguiã era o filho de Oxalufã. Ele nasceu em Ifé, bem antes de seu pai tornar-se o rei de Ifan.

Oxaguiã, valente guerreiro, desejou, por sua vez, conquistar um reino.
Partiu, acompanhado de seu amigo Awoledjê.
Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô).
Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido.
Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto! Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa "*Orixá-comedor-de-inhame-pilado*", e assim passou a ser chamado.
Awoledjê, seu companheiro, era babalaô, um grande adivinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer.
Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.
Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era rodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas.
Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada.
Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado".
Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.
Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. "*Kabiyesi*, toda esta infelicidade é conseqüência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!"
Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse.
"Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se".
Desde então, todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair.



PODER DO BRINQUEDO

Os Ibejis, orixás gêmeos, viviam para se divertir, eram filhos de Oxum e Xangô.

Viviam tocando uns pequenos tambores mágicos que ganharam de sua mãe adotiva, Iemanjá.
Nesta época Iku, a morte, colocou armadilhas em todos os caminhos e começou a comer todos os humanos que caiam em suas arapucas.
Homens, mulheres, crianças ou velhos, Iku devorava todos. Iku pegava os seres humanos entes do seu tempo aqui no Aye. O terror se alastrou pelo mundo.
Sacerdotes, bruxos, adivinhos, curandeiros se reuniram, mas foram vencidos também por Iku, e os humanos continuavam a morrer antes do tempo.
Os Ibejis, então, armaram um plano para deter Iku.
Pegaram uma trilha mortal onde Iku preparara uma armadilha, um ia na frente e o outro seguia atrás escondido pelo mato a pouca distância.



O que seguia pela trilha ia tocando seu pequeno tambor e tocava com tal gosto e maestria que a morte ficou maravilhada, e não quis que ele morresse e o avisou da armadilha.
Iku se pôs a dançar inebriadamente, enfeitiçada pelo som mágico do tambor.
Quando um irmão cansou de tocar, sem que a morte percebesse o outro veio tocar em seu lugar. E assim foram se revezando, sem Iku perceber e ela não parava de dançar e a musica jamais cessava. Iku já estava esgotada e pediu para parar, e eles continuavam tocando para a dança tétrica. Iku implorava uma pausa para descanso. Então os Ibejis propuseram um pacto.
A musica cessaria, mas Iku teria que jurar que tiraria todas as armadilhas.
Iku não tinha escolha, rendeu-se; os gêmeos venceram.
Foi assim que ibejis salvaram os homens e ganharam fama de muito poderosos, por que nenhum outro orixá conseguiu ganhar aquela peleja contra a morte.
Os Ibejis são poderosos, mas os que eles gostam mesmo é de brincar.



TRANSFORMAÇÃO

Mesmo depois de casado com Oxum, Xangô continuou indo as festas, a fazer farras e aventuras com mulheres.

Oxum queixava-se de solidão, e brigavam.
Ela era muito dengosa.
Por isso ele Xangô, a trancou na torre do seu palácio .
Um dia Bará dono da encruzilhada veio pra uma encruzilhada defronte ao palácio de Xangô.
Viu Oxum chorando e perguntou o porquê. Ela contou, e ele foi dizer a Orumilá.
Este preparou um Axé e mandou dizer a ela que deixasse a janela aberta.
Ele soprou o pó que entrando pela janela, transformou Oxum numa Pomba.
Ela voou para a casa de Oxalá que a transformou para a forma original.




Conta-nos uma lenda, que Oxum queria muito aprender os segredos e mistérios da arte da adivinhação, para tanto, foi procurar Bará, para aprender os princípios de tal dom.

Bará, muito matreiro, falou à Oxum que lhe ensinaria os segredos da adivinhação, mas para tanto, ficaria Oxum sobre os domínios de Bará durante sete anos, passando, lavando e arrumando a casa do mesmo, em troca ele a ensinaria.
E, assim foi feito, durante sete anos Oxum foi aprendendo a arte da adivinhação que Bará lhe ensinará e consequentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos afazeres domésticos na casa de Bará.
Findando os sete anos, Oxum e Bará, tinham se apegado bastante pela convivência em comum, e Oxum resolveu ficar em companhia desse Orixá.
Em um belo dia, Xangô que passava pelas propriedades de Bará, avistou aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com Oxum.
Foi-se a tal ponto que Xangô, viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó.
Oxum rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Bará.
Xangô então irado, seqüestrou Oxum e levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo.
Bará, logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar, por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo.
Chegando nas terras de Xangô, Bará foi surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direção do palácio.
Lá estava Oxum, triste e a chorar por sua prisão e permanência na cidade do Rei.
Bará, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Orunmilaia, que de pronto agrado lhe cedeu uma poção de transformação para Oxum desvencilhar-se dos domínios de Xangô.
Bará, atravez da magia pode fazer chegar as mãos de sua companheira a tal poção.

Òsùn tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que vôo e pode então retornar em companhia de Bará para sua morada.



PROMESSA

Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Xangô, muito esperto, prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os dois se casaram. Então, Xangô arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas. Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: “- Veja, eu já cumpri minha promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no pescoço para sempre.”




QUIABO

Existe uma qualidade de Xangô, muito brigão. Só vivia em atrito com os outros.

Ele é que era o valente.
Quem resolvia tudo era ele.
Xangô Baru era muito destemido, mas, quando ele comia quiabo, que ele gostava muito, lhe dava muita sonolência. Dormia o tempo todo! E pôr isso perdeu muitas contendas, pois quando ele acordava, já tudo tinha acabado.
Então, resolveu consultar um oluô, que lhe disse:
- Se é assim, deixa de comer quiabo.
- Eu deixar de comer o que eu mais gosto?
- Então, fique por sua conta. Não me incomode mais! Será que a gula vai vencê-lo?
- Eu não vou me deixar vencer pela boca. Vou voltar lá e perguntar a ele o que faço, pois o quiabo é meu prato predileto.
E saiu no caminho da casa do oluô, que já sabia que ele voltaria. Lá chegando, disse:
- Aqui estou. Me diz o que eu vou comer no lugar do quiabo.
- Aqui neste mocó tem o que você tem que comer. São estas folhas. Você temperando como quiabo, mata sua fome – lhe mostrou o oluô.
- Folha?! – perguntou Xangô Baru.
- Sim – respondeu o oluô – Tem duas qualidades, uma se chama oyó e a outra, sanã. São tão boas e gostosas quanto o quiabo.
Xangô foi para casa e preparou o refogado, e fez um angu de farinha e comeu. Gostou tanto, e se sentiu tão bem e tão fortalecido, e não teve mais aquele sono profundo.
Aliás, ele se sentiu bem mais jovem e com mais força. E não ficou com a sonolência que o quiabo lhe dava. Aí ele disse:
- A partir de hoje, eu não como mais quiabo.



SEGURANÇA

Oiá queria Xangô só para ela, pois sofria quando ele saía. Para impedir que Xangô saísse de casa, chamou os mortos a sua presença, e a casa de Oiá ficou cercada de Eguns, assim Xangô tornou-se prisioneiro de OIÁ.

Cada vez que ele tentava sair e abria a porta, os Eguns vinham ao seu encontro chiando.
Xangô aterrorizado não saía a rua, um dia na ausência de Oiá, Oxum foi visitar Xangô que lhe contou tudo.
Oxum preparou uma garrafada com aguardente, mel, e pó de efum.



TEIMOSA

Conta a lenda que Iansã era uma das esposas de Xangô, mas diferente das outras duas que era Obá e Oxum, Iansã era mais teimosa e tinha espírito desafiador um belo dia ela resolveu pegar para sí os cristais de Xangô os quais controlavam as almas, Xangô percebendo que tinha sido roubado foi consultar o Ifá que lhe disse que uma das esposas o havia traído lhe roubando os cristais então seguiu o conselho dado pelo Ifá chamou as suas três esposas e perguntou quem tinha roubado os cristais então Iansã foi abrir a boca para falar que não havia sido ela e saio raios pela sua boca então Xangô logo percebeu quem foi a culpada antes que Xangô pudesse castiga-la ela fugiu para as matas.

E levou com ela os cristais é claro e tornou-se uma condutora de Eguns.




UNIÃO FAZ O MEDO

Xangô, queria ser muito poderoso e respeitado e para isto consultou Ifá.

Na consulta surgiu Okanran Meji, que determinou um sacrifício, que iria garantir ao orixás, tudo que desejava.
Feito o ebó, Todas as vezes que Xangô abria a boca para falar, sua voz saia possante como um trovão e inúmeras labaredas acompanhavam suas palavras.
Diante do poder de seu marido Oiá resolveu consultar o Oráculo com a finalidade de se tornar tão poderoso quanto ele.
Na consulta surgiu Okanran Meji, que lhe determinou o mesmo ebó.
Quando Xangô descobriu que sua mulher havia adquirido um poder igual ao seu, ficou furioso e começou a maldizer Ifá por haver proporcionado tamanho poder a uma simples mulher.
Humilhada, Oiá recorreu a Olorun para que desse um paradeiro ao impasse.
Olorun determinou então que a partir daquele dia, a vós de Xangô soaria como o trovão e que provocaria incêndios onde ele bem entendesse, mas para que isto pudesse acontecer, seria necessário que Oiá, falasse primeiro, para que o fogo de suas palavras, os raios provocassem o surgimento do som das palavras de Xangô o trovão, assim como o fogo que elas produzem sobre a terra os incêndios provocados pelos raios que se projetam sobre a terra.


Fonte: http://www.vetorial.net/~rakaama/lo-xango.htm


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aceitamos comentários edificantes. Siga seu caminho em paz, se essa não é sua crença.

Obrigado!

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Postagens populares

“A Umbanda não é responsável pelos absurdos praticados em seu nome, assim como Jesus Cristo não é responsável pelos absurdos que foram e que são praticados em Seu nome e em nome de seu Evangelho.”


SIGNIFICADOS QUANTO AO FORMATO DA VELA



 
Cones ou Triangulares: equilíbrio, elevação.
Quadradas: estabilidade, matéria.
Estrela: espiritual, carma.
Pirâmide: realizações matérias.
Cilíndricas: servem para tudo.
Animais: para o seu animal protetor.
Lua: para acentuar sua energia intuitiva.
Gnomo: para seu elemental da terra.
Cone ou Triangulares: simbolizam o equilíbrio. Tem três planos: físico, emocional e espiritual.
Velas Cônicas: são voltadas para cima e significam o desejo de elevação do homem, sua comunicação com o cosmos.
Velas Quadradas: Simbolizam estabilidade na matéria. Seus lados iguais representam os quatro elementos: Terra, Água, Fogo, Ar.
Velas em Formato de Estrela de Cinco Pontas: É o símbolo do homem preso na matéria. Representa o carma.
Velas Redondas: Simbolizam mudança. E a energia mais pura do astral que só a mente superior alcança.