
Claro que já sabia dessas verdades, mas até então não havia vivenciado de forma tão grandiosa, intensa, verdadeira, direta, simples e Viva como nessa noite.
Viva, pois estava envolvida por centenas de encarnados e desencarnados.
Viva, pois a gira acontecia envolvida por pessoas afins e por pessoas não afins, por pensamentos bons e pensamentos ruins, envolvida por intensa dualidade, no auge do materialismo, do imediatismo, do sofrimento e da esperança.
Sentimentos e sentidos totalmente Vivos e pulsantes na vida de qualquer ser, principalmente na condição de vivo, não é mesmo?
Pois é, o clima estava “ótimo”, sentia e vibrava orixá, sentia a vibração da esperança, das dores, dos desejos, dos agradecimentos, das reclamações e das lamentações dos assistidos e dos desencarnados, sentia a intensidade da benevolência e bondade dos Guias e a imensidão de bênçãos emanadas pelos Orixás, mas principalmente sentia a Vida sendo privilegiada e a Morte sendo esquecida.
Puxa… vivenciando tudo isso, gritava dentro de mim uma voz rígida e vigorosa pedindo para parar. “ESTAVA TUDO ERRADO!”
Como as pessoas estão aqui, diante do invisível, do Sagrado, envolvidos por aqueles que já viveram e também já morreram só pensando na vida? Eu me perguntava. Como, ao canto de Iemanjá a grande Mãe da Vida, as pessoas só estão pensando nas necessidades da matéria, da vida, do agora? Indagava e me arrepiava.
Como as pessoas vêm para um Terreiro de Umbanda, que é construído e fundado por ação de espíritos que não necessitam mais de nada material, que acolhe e trata centenas de espíritos desencarnados, e esquecem, negam e fogem da vida em espírito? Como só pensam na matéria ou na condição de vivos? Como? Como? Por quê? Perguntava aos Guias e Orixás.
Estava tudo errado SIM!
E foi quando pedi a atenção de todos para explanar sobre as duas maiores certezas e verdades da vida:
Primeiro: TODOS IRÃO MORRER NA MATÉRIA.
Segundo: NINGUÉM SABE QUANDO.
Portanto, nossa maior preocupação não deve ser com a vida aqui e agora, mas com a morte, ou melhor, com a Vida pós-vida. Nossa preocupação deve ser com nosso espírito e com nossos sentimentos, portanto com aquilo que está invisível, afinal é só isso que importará quando chegarmos “lá”.
Todos hão de concordar comigo nessas afirmações. Todos hão de concordar que nada levaremos de material. Todos hão de concordar que ‘somos mortais’ e que a qualquer momento podemos entrar em outra realidade de Vida e romper de vez nossas relações atuais. Todos hão de concordar que posição, cargo e dinheiro não interferirão em nada quando entrarmos nesse outro mundo de Vivos. Mas o amor, o ódio, a raiva ou a compaixão irão certamente nos colocar no lugar mais apropriado e afim a nós mesmos.
Entendam, se você estiver sentindo raiva agora e morrer, coisa que é possível a qualquer mortal, essa será sua realidade de Vida, ou seja, você será levado a lugares onde a energia e vibração da raiva impera. Simples!
Somos o que sentimos, desejamos e pensamos e não o que fazemos ou temos, mesmo porque muitas vezes fazemos coisas que não queremos e temos coisas que não nos pertence.
Enfim, gostaria muito que todos despertassem para a Vida pós-vida.
Que todos pensassem com mais carinho e responsabilidade sobre o ‘invisível’, sobre aquilo que não vemos e não pegamos, portanto, nossos sentimentos e nosso espírito.
Que todos pensassem cuidadosamente na possibilidade da morte do corpo a qualquer momento, nas palavras que estão sem ser ditas ou que são ditas sem serem verdadeiras e nos sentimentos guardados, desperdiçados, íntegros ou destruidores.
Que todos pensassem com mais amor na condição de cada Guia e de cada Terreiro de Umbanda.
E que todos tivessem a certeza de que somos mortais na matéria, mas não no sentimento e no espírito, esses resistirão, portanto são eles que merecem nossas preocupações, rezas e intenções.
Axé todos e que possamos Viver acreditando no Poder do Invisível.Imagem: Escultura de Mateus Lopes “O Nascimento” na Série A Morte de Nanã
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